Sucessão Municipal (16 de maio de 1959)

Já o dissemos e tornamos a repetí-lo: embora para muita gente o assunto passe despercebido, a questão da sucessão municipal principia a preocupar a maior parte dos marilienses. De uma outra forma, sob um ou outro aspecto, raro é o local onde se mantenha qualquer conversa, que não surja, direta ou indiretamente, um parecer ou um ponto de vista sôbre um nome para suceder o prefeito Argollo Ferrão no próximo 4 de outubro.

Os nomes conhecidos e os nomes em evidência prováveis, são focalizados de qualquer maneira, deixando-se antever a simpatia em maior ou menor quilate em favor dêste ou daquele.

Isso é um bom sinal, fora de dúvidas; significa que os marilienses não estão de todo alheiros ao importante movimento, que redundará na indicação por sufrágios, do futuro prefeito da cidade. Por outro lado, traduz uma certa naturalidade política dos marilienses, numa demonstração de que o eleitorado caminha para a perfeita e completa educação eleitoral, se é que se pode utilizar semelhante têrmo.

O repórter, por ciência de ofício, vive sempre de atalaia e naturalmente se interessa, embora não o demonstre ou não o deseje, por todas as conversas que ouve. E, nós, temos ouvido muita coisa acêrca do próximo pleito, de muita gente, emitida de maneira aparentemente despretenciosa, mas deixando clara a manifestação de um ideal, a firmeza já consolidade e dificilmente mutável, de um objetivo ou uma preferência.

Principia, portanto, a criar corpo a onda de apelo em pról de nomes e de homens, ao mesmo tempo em que se caracterizam, disfarçadamente ou não, indiferenças ou manifestações contrária a outras pessoas, candidatos de fato ou candidatos eventuais.

Ao pensarmos nesse pormenor, sentimos uma satisfação imensa, porque percebemos que o real espírito de democracia com a sua preceituada liberdade de pensamento, é, graças a Deus, um fato indestrutível entre nós.

O fato é que em Marília já não existe aquela indiferentismo do passado e nem tão pouco aquele fanatismo abjeto, que tantos motivos apresentou para as lembranças de nossos avós, com respeito às eleições, eleições que se revestiam de erros em todos os sentidos, quando eleitores votavam sob as vistas de capangas, constituindo-se duas correntes adversárias, ocasiões em que as quezilhas tomavam tal vulto que até a morte se fazia presente!

É um bom sinal êsse do povo preocupar-se com o movimento eleitoral, com os nomes de candidatos e com o avisinhamento das eleições. Se progredimos em todos os pontos e alentamos o desejo de desenvolvimento cada vez maior, junto é também que desenvolvamos nossas aptidões e capacidade de aceitação dos fatos, de maneira altiva e democrática. O homem não pode viver como autômato, freiado e só impulsionado por conveniências ou só pensar com a cabeça alheia. Êle tem que usar seu próprio raciocínio, escolher por si próprio o que melhor lhe convém, de maneira independente e de conformidade com a própria consciência. Portanto, é bastante conformador o espírito com que o público eleitor da cidade está principiando a encarar a questão da futura sucessão municipal.

Não há mal nenhum no eleitor manifestar-se com antecipação, pró ou contra um candidato; pelo contrário, existe na franqueza de atos dêsse jaez, um ombridade ímpar e belíssima, especialmente num clima como o nosso, de integral democracia, onde que cada qual pode gostar ou não de quem quiser, sem que seja obrigado a mudar de opinião.

Marília que já deu tantos exemplos, continua a dar mais êste, embora nem todos o tenham ainda percebido.

Extraído do Correio de Marília de 16 de maio de 1959

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