Tripla responsabilidade moral (25 de abril de 1959)

O pleito de 4 de outubro próximo, no que se refere ao âmbito municipal, principia já a preocupar os marilienses. Não só os partidos políticos, como também o próprio eleitorado. Se bem que nem todos sejam apaixonados pelo assunto, não resta dúvida que qualquer pessoa, em qualquer circunstância ou local, volta e meia, aborda direta ou indiretamente, o problema sucessório do município.

Isso é um bom sinal, fora de dúvidas. Significa que homens sérios de Marília se preocupam com problemas sérios, muito embora algumas pessoas que alimentam razões simplistas, tentem dar à importância da questão, maior empobrecimento ou mesmo o colorido do pejorativismo.

É preciso saber entender a política real, em suas bases sólidas, como uma arte e até mesmo uma ciência. É necessário que na mentalidade geral, se aquilate o valor dos homens, o programa e as plataformas de governo dêstes mesmos homens. Separar o joio do trigo. Discriminar a política fundamental, apartando-a da politicagem e da politicalha contumaz, abjeta e desleal.

Nesse particular, alguma coisa já existiu errado em Marília; esperamos que o próximo pleito, onde se empenharão marilienses autênticos, filhos adotivos de nossa cidade, o vai-e-vem das ondulações políticas se coloquem num plano de superioridade e ombridade moral, como um exemplo sadio de nossa educação cívica.

A luta vai ser renhida; as opiniões e simpatias se dividirão em tôrno dêste ou daquêle candidato, num atestado inequívoco de verdadeira democracia, atmosfera que desfrutamos no Brasil com a graça de Deus, apesar de muitas vezes ser confundida com a anarquia.

Dois candidatos oficiais à Prefeitura, já temos em Marília. Léo e Tatá. Ambos idôneos e capazes, ambos confessadamente bem intencionados. Outros deverão surgir, uma vez que os acertos e conchavos partidários não se ultimaram em todas as facções políticas de nosso município.

Os dois candidatos conhecidos, já se encontram trabalhando, no sentido de dar a conhecer ao eleitorado mariliense, as suas intenções como candidatos e as suas convicções e certezas de operosidade, se eleitos. Em ambos os casos, as opiniões divergem, pois sabido é ser perfeitamente natural, a predileção ou não por nome ou homens.

Existe ainda a possibilidade do terceiro e também do quarto nome vir ser dado à luz. Simonato, na opinião geral, é o candidato virtual do PSD, sendo que o PDC ainda não “quebrou lança” de maneira pública e oficial. Portanto, mais dois candidatos, no mínimo, poderão emparelhar-se aos dois já existentes.

Os nomes em foco, possuem, pela sua natureza, em maior ou menor volume, o seu colegiado eleitoral, o seu círculo de simpatia. O mesmo, pelo que se percebe, existe quando aos focalizados e ainda não oficialmente lançados. Representa, fóra de negar, alguma coisa de precocidade política, uma coisa assim como a própria maturidade de nossa cidade. Quer dizer, um exemplo digno de ser observado e que implica na temeridade que a própria responsabilidade impõe aos próprios partidos políticos, aos candidatos individualmente e ao eleitorado principalmente. Responsabilidade que constitui um triângulo: a facção de uma quina, o candidato de outro vértice e os eleitores ao ângulo final.

Mistér se torna que todos nós – partidos políticos, candidatos e eleitores – coordenemos, embora sob análise diversas, um pensamento uníssono (por paradoxal que pareça), peneiremos então os prós e contras, sempre com o pensamento voltado ao bem estar de nossa gente e ao progresso de nossa cidade, para sairmos de maneira completa, cabal e airosa da empreitada referida.

Extraído do Correio de Marília de 25 de abril de 1959

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