Um movimento justo (31 de janeiro de 1959)

Com toda a certeza, os populares que transitaram na tarde de ontem pelas proximidades da Delegacia Regional de Polícia, deverão ter estranhado o movimento incomum e a presença desusada de gente mariliense, nas imediações da mencionada repartição pública.

É que a sociedade e povo mariliense, representados pelas suas mais significativas autoridades e pelas diversas entidades de classe, alí convergiram, com o escôpo de unirem-se em torno de um apêlo, que foi dirigido ao Sr. Secretário da Segurança Pública, solicitando a permanência do Dr. Francisco Severiano Duarte, no cargo de delegado regional de polícia de Marília, sustando-se a sua remoção, para igual posto, na cidade de Presidente Prudente.

O áto demonstrou, mais uma vez a coesão de sentimentos e forças de Marília, como sempre tem acontecido, quando se trata de reivindicar operações de interesse público. Foi u’a manifestação espontâneo, que se caracterizou por um espírito de democracia dos mais elogiáveis. Foi uma demonstração de carinho e alto apreço, em reconhecimento aos serviços inestimáveis, que até aquí prestou aos marilienses o Dr. Severino Duarte. Policial de atitudes cavalheirescas e de gestos paradigmos de uma autoridade consciente, conseguiu, desde os primeiros momentos que principiou a conviver conosco, a simpatia e o respeito de todos. Trouxe, com sua ação enérgica precisa, honesta e imparcial, a garantia da maior segurança pública a toda a família mariliense.

Fino no trato, hábil em seus mistéres, o Dr. Severino tornou-se credor de estima geral. Daí a razão pela qual os marilienses, coesos, buscaram, democraticamente, solicitar do Sr. Secretário da Segurança Pública (ao par das demonstrações do júbilo ocorrida com a sua promoção), que o mesmo fôsse mantido à testa da regional de polícia local.

Para nós da imprensa, a personalidade do Dr. Severino Duarte ostenta uma condição ainda mais especial. Sempre foi uma autoridade solícita e prestativa para com a crônica. Soube colocar-nos numa consideração elevadíssima, de maneira tal, que jamais ficássemos tolhidos em nossas liberdades de críticas, quando estas se fizeram mistér. Soube sempre prestigiar a crítica livre, agradecendo tudo que por ventura fizéssemos como colaboração e aceitando algumas referências que tivéssemos feito, em qualquer situação, com o fito de censuras. Isto é, prestigio-nos, sem que êsse prestígio lhe servisse de escudo para que o intocássemos. São qualidades apreciáveis para os elementos da imprensa, habituados a receber considerações desencontradas, algumas vezes de qualquer menos importante cidade, uma vez que a maioria dos homens, sente-se eufórica quando elogiada e propensa a “levantar o topéete” e querer brigar, quando se lhe pisa, por leve que seja, um “calo de estimação”.

Justo, portanto, foi o movimento ontem encetado pelo público em geral. Esperemos que o Sr. Secretário da Segurança Pública bem acolha o pedido dos marilienses, enviado de todo seu conteúdo, da mais sadia e leal das intenções.

Extraído do Correio de Marília de 31 de janeiro de 1959

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)