O Dia do Município (23 de janeiro de 1959)

Aproximamo-nos de 4 de abril, a data magna da municipalidade mariliense.

Comemorará a cidade, o transcurso de seu 30º aniversario de independência político-administrativa. Uma data bonita, como se vê. Uma efeméride gloriosa, marcando um dinamismo áureo de um centro extraordinário pelo seu progresso e representação em todos os sentidos, sob todos os prismas.

Uma coisa assim, comparada à criança-prodígio, que tendo 10 anos registrados pela certidão de idade, apresenta ações e responsabilidades consciente de um adulto.

No ano passado, aconteceu um fato curioso, com respeito à igual data em apreço.

A Comissão Especial, incumbida para tratar dos festejos do aniversário da cidade, adiou as citadas solenidades, em vista da data ter coincidido com a passagem da Sexta Feira Santa. A prorrogação deixou claro que as comemorações em tela dar-se-iam em anexo às festividades do cinquentenário da imigração japonesa, quando Marília receberia oficialmente os príncipes do Sol Nascente.

Todos esperaram o adiamento prometido, mas o mesmo ficou “no tinteiro”, sem que a comissão houvesse, pelo menos, apresentado uma justificativa ou desculpa ao público.

Êste ano, a coincidência da Semana Santa já está fora de possibilidades.

Nós jamais fomos partidários de dispêndio dos dinheiros públicos para festanças populares; entretanto, devemos reconhecer que compete aos poderes constituídos locais, coadjuvados pelo comércio, indústria e mesmo particulares, comemorar condignamente, embora de maneira modesta, a citada efeméride.

Assim, lembramos ao sr. Prefeito e aos srs. Vereadores, da necessidade de olhar-se já para essa questão.

Existindo, como parece existir, discrepância e multiplicidade de intentos para comemorações do evento, em carater particular, de bom alvitre seria a harmonização de todos os marilienses que se emprenham nêsse sentido, a fim de que da conjugação dessas providências, pudessem todos os que se encontram nessas condições, constituir mais alguns elos para que a corrente das providências oficiais mais se fortalecesse e melhores resultados apresentasse.

O que não deve acontecer, é a repetição da inatividade verificada no ano passado pela comissão referida, que nem sequer, depois do adiamento e da não realização das solenidades, nem sequer deu uma palavra de esclarecimento ou satisfação aos marilienses.

Talvez pensando nisso, é que já estejam surgindo os primeiros passos no sentido das comemorações populares e extra-oficiais acêrca da data. Já se fala em que a equipe mista do Corinthians Paulista virá à Marília na ocasião, a fim de exibir-se aos aficionados do esporte em nossa cidade. Contra qual adversário, é que não sabemos, pois não temos futebol, à exceção de um pugilo de rapazes, que faz das tripas o coração, envergando camisetas varzeanas.

Propala-se também a realização do maior desfile cívico jamais visto em Marília, onde tomarão parte tôdas as fôrças vivas da cidade; já está programada uma Jornada Odontológica em Marília.

Só essas três iniciativas, aliadas às providências oficiais que por certo deverão surgir, já constituirão em dois grandes motivos para as comemorações do aniversário do município.

Por outro lado, o comércio e a indústria, poderão enfeitar suas casas comerciais e vitrines, com dísticos, fatos e motivos alusivos ao acontecimento.

Os “pracinhas”, por sua vez, poderão também armar e exibir o “museu relâmpago”, como um motivo de homenagem à data, ilustrando as solenidades.

Indústrias como a Bavária, Pastifício Marília, Zillo, Matarazzo, Clayton e outras, se solicitadas, não se furtarão a colaborarem no que for preciso, como jamais deixaram de fazê-lo.

A Emprêsa Pedutti, por certo, também cooperará se chamada. E muitas outras.

Poderão assim em Marília, caso haja a possibilidade aventada, comemorar condignamente a passagem do trigésimo aniversário do município, que tenha o erário público que dispender quantias fabulosas e mal empregadas. Alias, já vimos no passado, que podem ser feitas muitas coisas nêsse sentido.

Como ainda é cedo, à guisa de colaboração, deixamos êste lembrete antecipado.

Extraído do Correio de Marília de 23 de janeiro de 1959

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