Marília perde grande indústria (13 de janeiro de 1959)

Marília possuiu, até poucos dias, uma indústria de inquestionável valor representativo e manufatureiro. Talvez desconhecida pela maioria dos marilienses, pois cá, como lá fora, continua a perdurar o provérbio de que “santo de casa não realiza milagres”.

Essa indústria, que nem todos conheceram, durante quase dois anos de suas atividades entre nós, aqui nasceu, expandiu-se, ganhou fama e conceito e levou seus produtos aos 21 Estados do Brasil, tendo competindo e vencido, em qualidade, apresentação e testes técnicos, com os mais renomados produtos do gênero, mesmo de procedência estrangeira.

E, por incrível que pareça, onde menos os produtos da mesma foram conhecidos, é aqui em Marília mesmo!

Trata-se de “Instalações Auto-Elétrica Marília”, firma que se especializou na fabricação de instalações elétricas para todos os tipos de carros motorizados, inclusive tratores das mais variadas marcas conhecidas no país. Além das instalações elétricas, dotadas de fusíveis de segurança e braçadeiras para fixação nas latarias dos carros (únicos no mundo!), a firma em apreço produz diversas outras peças elétricas para caminhões e automóveis.

Desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul, vendem-se as referidas instalações elétricas para carros, que conduzem em embalagem magnífica, o imponente nome de “Marília”. As mais renomadas indústrias automobilísticas do país, como a “General Motors do Brasil S/A”, a Ford, a F. N. M., a Willys e outras, empregam, após experiências realizadas pelos seus laboratórios de engenharia e eletricidade, as referidas instalações.

Recentemente, a linha dêsses produtos foi incluída também dentro de uma cota de exportação para diversos países sul-americanos, cujas operações exportadoras deverão iniciar-se no ano em curso.

No norte e nordeste, onde o mercado similar sofre maior e mais positiva influência do comércio exterior, as instalações fabricadas em nossa cidade venceram e conquistaram a preferência do comércio nortista e nordestino. O mesmo aconteceu na parte central, no Rio e São Paulo e também no sul do Brasil.

Pois bem: Marília vai perder essa grande e poderosa indústria. A firma está de mudança para São Paulo, adquirida que foi por dois capitalistas paulistanos, experimentados comerciantes no ramo referido e proprietários de firma de igual jaez.

É um fato digno de registro, uma vez que a indústria em apreço nasceu em Marília e daqui lançou a perfeição de um produto de alta qualidade para todos os quadrantes do país. A firma referida, oferecia trabalho a mais de meia centena de marilienses.

Além do fato acima citado, inegável será a perda para o parque industrial mariliense, uma vez que se trata de uma indústria de vulto e de grande representação e comprovada repercussão em todo o Brasil, apesar de que, como dissemos, aqui era onde menos vendia, aqui é onde fôra menos conhecida!

De firma em apreço, só restará aos que ali trabalharam, a saudade de um ambiente gostoso e seleto e o consôlo de que o nome de “Marília” será mantido nos citados produtos, continuando a irradiar-se por todo o Brasil e invadindo o próprio mercado exterior.

Não resta dúvida, repetimos, que se trata de uma grande perda para o parque manufatureiro de Marília, embora, frisemos novamente, aqui foi onde a firma menos teve prestigio no que diz respeito à distribuição dêsses afamados produtos.

Ao ensejo desta nota, que julgamos merecedora dêste espaço, formulamos votos a dois dos sócios atuais que rumarão para a Capital e também aos novos co-proprietários da mencionada organização, para que continuem a progredir na nova fase da indústria e para que o nome de “Marília”, imponentemente identificando o apreciado produto, continui também a circular por todas as cidades de nossa pátria.

Extraído do Correio de Marília de 13 de janeiro de 1959

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)