A Segunda Vara Judiciária (11 de dezembro de 1958)

Não data de hoje os esforços de Marília, através de seu povo e seus diversos órgãos representativos e poderes constituídos, além da imprensa, no sentido de serem desdobrados os serviços forenses da Comarca, com a criação de mais uma Vara Judiciária.

O assunto, prenhe da mais integral justiça e sem nenhuma aparência ou realidade de pretensão pura e simples, mereceu atenções especiais de nossa edilidade, da Sub-Secção local da Ordem dos Advogados do Brasil e também de nossa parte (Jubileu de Prata da Comarca, artigo publicado em 16 de setembro de 1958).

Muitos empenhos foram feitos nesse sentido, com justificativas das mais abalizadas e com a apresentação de provas as mais satisfatórias possíveis. O número de processos, de diversas faces, a serem apreciados e julgados por um único magistrado em Marília, demandam esforços verdadeiramente sobre-humanos, tornando impossível a uma só pessoa, por maior boa vontade que possua e por mais despreendida que seja, sem desempenho completo e rápido. Mesmo assim, mercê do espírito de abnegação do Juiz de Direito da Comarca, que, por força legal acumula também os cargos de Juiz de Menores e Juiz Eleitoral, a situação a esse respeito caminha de modo aceitavelmente satisfatório. Entretanto, se desafogados esses serviços, sobrecarregar-se-ia menos um único Juiz, seriam criados mais cartórios de oficio e Marília conquistaria, nesse setor, sua verdadeira posição, principalmente tendo-se em conta que incontáveis cidades de menor movimento forense contam com mais de uma Vara Judiciária, atendendo perfeitamente os reclamos de suas próprias exigências e necessidades.

Séte anos duram os trabalhos desse porte, em que os marilienses não esmoreceram jamais, uma vez que das mais necessárias são as providências desse desdobramento.

A idéia e a luta, que assemelhava apresentar aquilo que se chama “caveira de burro”, parece que agora tende a chegar a um bom têrmo, com a manifestação favorável do Egrégio Tribunal de Justiça, que, vindo de encontro aos marilienses e dando uma demonstração inequívoca de competência de julgamento das necessidades à sí afétas, enviou mensagem à Assembléia Legislativa, encarecendo a urgência Marília poder contar com mais uma Vara Judiciária e no mínimo, com mais um cartório de ofícios.

Nós, que participamos ativamente dessa luta desde o ano de 1951, nos sentimos satisfeitos pelo andamento esperançoso que a mesma acaba agora de apresentar, dando-nos a certeza de que, a digna Assembléia Legislativa, considerando o pedido constante da Mensagem em apreço, bem saberá interpretar as necessidades de Marília, vindo ao encontro dessa luta de todos os marilienses.

Está, portanto, em vias de concretização esse nobre ideal, cuja vida representa necessidade indiscutível para todos nós.

Oxalá a Assembléia pense como pensam os marilienses e se digne aprovar e votar a lei que disporá sobre o desdobramento dos serviços forenses em nossa dinâmica Comarca de Marília.

Extraído do Correio de Marília de 11 de dezembro de 1958

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