Círculo de conferências (4 de dezembro de 1958)

Não há muito, dissemos através desta coluna, que urge em Marília a arregimentação de valores intelectuais, em projeção ou formação, no sentido de fundar se em nossa cidade um Círculo Cívico de Conferências.

Tal organismo, é hoje em dia imprescindível aos grandes centros e aos grandes povos. O despertar-se o gosto por assuntos diversos, com palestras, conferências e mesmo debates democráticos e esclarecedores, representa uma lacuna para os marilienses, especialmente para aqueles que alentam ou alimentam gosto pela intelectualidade.

Proporcionar às pessoas nessas condições, a oportunidade de travar conhecimento mais direto, com problemas e causas educacionais, científicas ou históricas, especialmente questões de mais importância momentânea, é uma urgência inquestionável.

Raras vezes, conforme dissemos no passado, tem tido o mariliense o ensejo de apreciar palavras de autoridades diversas em assuntos variados, que, sob o patrocínio de uma ou outra entidade, aquí tenham se apresentado.

O ponto que estamos focalizando, faz parte integrante da própria cultura de nossa gente e não sabemos como até agora ninguém lembrou de pô-lo em prática. Conforme ainda dissemos anteriormente, não fôra os esforços da Sociedade Luso-Brasileira, União dos Treze e outras entidades, dificilmente teríamos apreciado ilustres personagens falando aos marilienses, em palestras ou conferências sôbre coisas sérias e úteis.

Existem em nossa “urbe”, pessoas capazes de avivar a idéia e coloca-la rapidamente em vigência. Ilustres professores, médicos e advogados, além de diversos outros estudiosos e amantes desse ideal, poderiam unir-se em torno desse objetivo, instituindo em Marília um Círculo Cívico de Conferências e Debates, que não tivesse cor política sob nenhum pretexto, religiosa, racial ou filosófica. De início, seu funcionamento poderia operar-se exclusivamente com elementos locais (e os há muitos!); posteriormente, quando as condições facilitassem, poderiam ser convidados outros valores exponenciais de São Paulo ou outros centros interioranos.

Aquí fica a idéia, para ser aproveitada pelos intelectuais marilienses, pelo vulto que representará a sua realização e pelos efeitos benfazejos que significará, não só no âmbito de nosso município, como também perante a opinião pública de outros centros.

Fácil será aproveita-la, se houver interesse das pessoas que se encontram em condições para tal, que, conforme dissemos, existem em número bastante apreciável entre nós.

Extraído do Correio de Marília de 4 de dezembro de 1958

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