Satisfação de ambas as partes (23 de outubro de 1958)

Com respeito às eleições passadas, existem em Marília dois grupos distintos de marilienses. A fora os neutros, os frios, cujo número é ínfimo, duas facções são distintas entre nós, a dos que foram francamente pró eleição de gente da cidade e dos que “suaram a camisa” e ganharam dinheiro (ou promessas de emprego) ao trabalharem para gente de fóra.

Ambos os grupos estarão satisfeitos agora, com tôda a certeza. Apesar de não totalmente, as duas correntes encontram-se contentes, embora uma delas esteja desfrutando aquela sensação alegre do dever cumprido e a outra, usufruindo uma felicidade falsa, com alguns pesos de quilos na consciência.

Nós nos encontramos classificados na primeira condição. Bairristas que somos, amantes intransigentes de Marília, sua gente, seus problemas e suas causas, desfrutamos agora aquela atmosfera de felicidade bem intencionada, aquela impressão consciente de termos empregado nossos esforços cívicos em pról de nossa cidade.

Elegemos um deputado estadual, quando poderíamos, muito bem, termos eleito no mínimo dois. Colocamos no lugar honroso, diga-se de passagem, um deputado federal, quando poderíamos também muito bem, termos classificado o dr. Aniz Badra em condições mais interessante para Marília, região e o próprio Estado, designando-lhe uma cadeira no Palácio Tiradentes.

Uma cifra insignificante de 500 votos, graças aos “trabalhos” de “bons” marilienses, impediram que Marília tivesse, em caráter efetivo a sua voz permanente na Câmara Federal.

Essa turma também deve estar satisfeita. Mesmo que não eleitos os seus candidatos, legítimos “amigos de Marília”, os mais marilienses (por sinal maus cabos eleitorais), embolsaram boa “gaita” e ficaram “a ver navios”, no tocante às não eventuais promessas de empregos!

De qualquer maneira, Marília não perdeu de todo a sua luta. Nós, que trabalhamos nessa trincheira desde o ido ano de 1947, sentimos agora uma satisfação indelével, só melhor aquilatada por aqueles que realmente sabem e se esforçam por cumprir um dever cívico.

O exemplo está dado e poderá ser confirmado no futuro. Está provado aquilo que dissemos em outras ocasiões, que Marília tem meios suficientes para eleger com facilidade, dois deputados estaduais e um federal.

Os marilienses em geral e os verdadeiros amigos de Marília em particular, sabem, de sobêjo, quais as pessoas que se empregaram a fundo em pról da eleição de aventureiros endinheirados.

Apanhar de vez em quando é bom e nós já apanhamos o suficiente. Chega!

O autor destas linhas, em trânsito por uma cidade distante, soube de uma votação espetacular de um candidato que se intitulou “candidato de Marília”. Perguntado se era conhecido ali, fomos informados que não e que um mariliense ali estivera, “dando dinheiro” a cabos eleitorais. Pelos cálculos superficiais ao “quantum” gasto e ao número de votos conquistados, concluímos que cada sufrágio ficou ali pela casa de quase 2 mil cruzeiros! E isso, só numa cidade!

De nossa parte, embora não totalmente felizes, estamos satisfeitos em parte. Marília tem um deputado estadual.

Aqueles que colaboraram com essa cruzada, nossos agradecimentos; àqueles que tentaram torpedeá-la (e conseguiram em parte), nossos sentimentos de profunda decepção.

Aliás, os nomes dos que trabalharam pró e contra os interêsses de Marília estão bem guardados pelo próprio povo.

No futuro haverá o “trôco” do dinheiro...

Extraído do Correio de Marília de 23 de outubro de 1958

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