Pio XII (10 de outubro de 1958)
Desapareceu ontem (9/10/1958) o Santo Padre.
Faleceu o Papa Pio XII, antigo padre Eugênio Paccelli. O passamento desse extraordinário sacerdote, aos 84 anos de idade abre uma lacuna irreparável no seio da família católica universal e mesmo no campo das mais elevadas intelectualidades hodiernas.
Uma vida inteira dedicada a servir a Deus e a Igreja Católica, Apostólica, Romana. Uma existência preocupada com a paz do mundo, a felicidade dos homens, o sossego espiritual da humanidade. Uma existência inteira a pregar a fraternidade entre os homens, o entendimento entre as famílias, o labor e os bons princípios entre os govêrnos.
Conhecemos pessoalmente a figura simpática do Santo Padre.
Foi em 1943, quando integrávamos a gloriosa Força Expedicionária Brasileira, exército de heróis hoje esquecidos pela ingratidão da própria Pátria.
Cerca de uma centena de soldados, compreendidos entre brasileiros, americanos, ingleses, franceses, italianos e marroquinos compuzeram o blóco que foi recebido em audiência especial por S.S. o Papa. Nesse número, incluíamo-nos.
Com uma simpatia irradiante, se nos apresentou o Santo Padre. Sorridente, bem humorado, esqueceu por momentos as múltiplas ocupações de seu elevadíssimo cargo, para oferecer-nos o calor de sua palavra amiga, o conforto espiritual de sua grande presença. Aqueles que tem fé, sabem e podem sentir melhor do que os outros, o que significa encontrar-se na presença de um grande homem como o Santo Padre. Afável, tratável, humilde apesar de sua grande e significativa importância.
O que mais nos cativou, foi ter S. Santidade se nos dirigido, pessoalmente, a cada grupo de soldados, falando fluentemente as diversas línguas-pátrias. Falou com os ingleses e os americanos num inglês impecável, perguntando e interessando-se por tudo, como um cidadão dos mais simples e comuns. O mesmo aconteceu com os franceses e marroquinos, aos quais se dirigiu em francês. Depois falou conosco, num português claríssimo, com excelente pronunciação gramatical e perfeita dicção. Interessou-se de modo especial pelo nosso grupo, em virtude do grande índice de católicos que habitam no Brasil.
Abençoou-nos, tendo se despedido de um a um dos presentes, com palavras de conforto e amisade, palavras que calaram e repercutiram de modo indelével nos corações de todos aqueles que tiveram a ventura de privar aqueles momentos de felicidade pessoal e a segurança espiritual inspirados pela presença desse extraordinário homem.
Intelectual dos mais renomados, possuidor de uma inteligência rara, poliglota e estudioso dos problemas gerais do mundo e dos povos, perde a terra a mais importante de suas figuras.
Quando deixamos o Palácio de São Pedro, pareceu-nos que tínhamos criado alma nova, sentíamos alguma coisa indescritível e confiante dentro de nós, como se a felicidade daqueles momentos fosse enorme demais para tão pouca gente, a ponto de desejarmos transmiti-la para as demais gentes, para todas as pessoas, mesmo os italianos estranhos que circulavam pelas ruas de Roma.
Perde o mundo um filho ilustre, um sacerdote infalível, uma capacidade moralizadora e espiritual de primeira e única grandeza.
Está de luto a Igreja Católica, está de luto o mundo.
Extraído do Correio de Marília de 10 de outubro de 1958
Faleceu o Papa Pio XII, antigo padre Eugênio Paccelli. O passamento desse extraordinário sacerdote, aos 84 anos de idade abre uma lacuna irreparável no seio da família católica universal e mesmo no campo das mais elevadas intelectualidades hodiernas.
Uma vida inteira dedicada a servir a Deus e a Igreja Católica, Apostólica, Romana. Uma existência preocupada com a paz do mundo, a felicidade dos homens, o sossego espiritual da humanidade. Uma existência inteira a pregar a fraternidade entre os homens, o entendimento entre as famílias, o labor e os bons princípios entre os govêrnos.
Conhecemos pessoalmente a figura simpática do Santo Padre.
Foi em 1943, quando integrávamos a gloriosa Força Expedicionária Brasileira, exército de heróis hoje esquecidos pela ingratidão da própria Pátria.
Cerca de uma centena de soldados, compreendidos entre brasileiros, americanos, ingleses, franceses, italianos e marroquinos compuzeram o blóco que foi recebido em audiência especial por S.S. o Papa. Nesse número, incluíamo-nos.
Com uma simpatia irradiante, se nos apresentou o Santo Padre. Sorridente, bem humorado, esqueceu por momentos as múltiplas ocupações de seu elevadíssimo cargo, para oferecer-nos o calor de sua palavra amiga, o conforto espiritual de sua grande presença. Aqueles que tem fé, sabem e podem sentir melhor do que os outros, o que significa encontrar-se na presença de um grande homem como o Santo Padre. Afável, tratável, humilde apesar de sua grande e significativa importância.
O que mais nos cativou, foi ter S. Santidade se nos dirigido, pessoalmente, a cada grupo de soldados, falando fluentemente as diversas línguas-pátrias. Falou com os ingleses e os americanos num inglês impecável, perguntando e interessando-se por tudo, como um cidadão dos mais simples e comuns. O mesmo aconteceu com os franceses e marroquinos, aos quais se dirigiu em francês. Depois falou conosco, num português claríssimo, com excelente pronunciação gramatical e perfeita dicção. Interessou-se de modo especial pelo nosso grupo, em virtude do grande índice de católicos que habitam no Brasil.
Abençoou-nos, tendo se despedido de um a um dos presentes, com palavras de conforto e amisade, palavras que calaram e repercutiram de modo indelével nos corações de todos aqueles que tiveram a ventura de privar aqueles momentos de felicidade pessoal e a segurança espiritual inspirados pela presença desse extraordinário homem.
Intelectual dos mais renomados, possuidor de uma inteligência rara, poliglota e estudioso dos problemas gerais do mundo e dos povos, perde a terra a mais importante de suas figuras.
Quando deixamos o Palácio de São Pedro, pareceu-nos que tínhamos criado alma nova, sentíamos alguma coisa indescritível e confiante dentro de nós, como se a felicidade daqueles momentos fosse enorme demais para tão pouca gente, a ponto de desejarmos transmiti-la para as demais gentes, para todas as pessoas, mesmo os italianos estranhos que circulavam pelas ruas de Roma.
Perde o mundo um filho ilustre, um sacerdote infalível, uma capacidade moralizadora e espiritual de primeira e única grandeza.
Está de luto a Igreja Católica, está de luto o mundo.
Extraído do Correio de Marília de 10 de outubro de 1958
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