Nova “Lei Cadilac”? (29 de outubro de 1958)
A notícia provém do Rio de Janeiro e foi divulgada por agencia noticiosa de idoneidade insuspeita. Por aí, pode-se deduzir que tenha a sua razão de ser. Alguns cafajestes e maus brasileiros (antes de mais nada), cogitam a elaboração de nova e infame “lei cadillac”, objetivando, à custa das condições de deputados federais, exercer uma sangria indelével contra a economia nacional, importando, com ágios ao cambio oficial, automóveis para uso próprio ou para comércio desonesto.
Já experimentamos éssa infâmia. Levantou-se a imprensa honesta, livre e independente de todo o país, repudiando a desfaçatez desse gesto. De nossa parte, chegamos a apontar os nomes dos desavergonhados parlamentares que defenderam e votaram o abjeto diploma legal.
E a notícia aí está, revoltando os homens de bom senso: deputados da nova “safra” articulam a feitura dessa nova lei, já para o início da próxima legislatura, visando “motorizar-se” por pouco dinheiro e em detrimento flagrante aos interesses do próprio país.
Consta até, que um deputado amazonense, para contar com o apoio de um jornal de Manaus, assumiu o compromisso de transferir ao diretor do citado órgão de imprensa, automóvel que importará após a vigência déssa famigerada lei.
Não é preciso dizer-se o grau de brasilidade dessa gente. Enquanto o Brasil se arrasta em miséria, seu passivo exterior sobe mais que rojão, os compromissos e empenhos financeiros com os Estados Unidos e outros paises avolumam-se, alguns daqueles que tem sobre os ombros a incumbência patriótica da defesa do próprio povo e dos interesses da nação, trabalham em causa de estômago e de vaidades pessoais, pouco se lhes importando que a naufrague.
Entrementes, a situação inevitável das providencias governamentais, de liberação de maior número de ágios para a importação de máquinas e implementos para a lavoura, hidrômetros e tratores para a construção e conservação de estradas, continua a marcar passo, sem acompanhar o ritmo das necessidades brasileiras.
Não precisamos ir longe, buscar argumentos para corroborar o que estamos afirmando; para citar apenas pequenos fatos, conhecidíssimos de todos, relembramos a luta de vários anos empreendida pelos poderes municipais – Câmara e Prefeitura –, no sentido de conseguir divisas para a importação de hidrômetros e motoniveladoras. A contenda referida, em que se considere os esforços de nossos dirigentes e legisladores, aos quais sempre emprestamos nossa colaboração e apoio como órgão de imprensa defensor dos interesses do povo e do município, jamais chegou a aproximar-se do desfecho satisfatório e real, pois as barreiras burocráticas são, em certas ocasiões, verdadeiramente intransponíveis.
Mesmo durante a luta referida, passou a famigerada primeira “lei cadillac” a vigorar e dela usufruíram efeitos des(a)vergonhados e impatrióticos deputados. Cogita-se agora, a articulação de nova e infame lei de igual jaez, em mais uma afronta a paquidérmica bondade da gente brasileira, num desrespeito condenável a todos nós.
Aqueles que, conscientemente, depositaram nas urnas, no último dia 3, votos em favor de certos deputados, deverão estar agora, boquiabertos ante a abusiva desfaçatez de certos candidatos que conseguiram se eleger.
Nossa esperança é que ainda, dentre o número dos deputados reeleitos e dos recém eleitos, póssa haver u’a maioria de homens de razão e bom senso, para recusar a aprovação déssa pretensa e imoral lei, dando assim, em nome do próprio povo, uma lição de moral e dignidade, aos partidários déssa segunda “lei cadillac”, verdadeira vergonha legislativa do país.
Extraído do Correio de Marília de 29 de outubro de 1958
Já experimentamos éssa infâmia. Levantou-se a imprensa honesta, livre e independente de todo o país, repudiando a desfaçatez desse gesto. De nossa parte, chegamos a apontar os nomes dos desavergonhados parlamentares que defenderam e votaram o abjeto diploma legal.
E a notícia aí está, revoltando os homens de bom senso: deputados da nova “safra” articulam a feitura dessa nova lei, já para o início da próxima legislatura, visando “motorizar-se” por pouco dinheiro e em detrimento flagrante aos interesses do próprio país.
Consta até, que um deputado amazonense, para contar com o apoio de um jornal de Manaus, assumiu o compromisso de transferir ao diretor do citado órgão de imprensa, automóvel que importará após a vigência déssa famigerada lei.
Não é preciso dizer-se o grau de brasilidade dessa gente. Enquanto o Brasil se arrasta em miséria, seu passivo exterior sobe mais que rojão, os compromissos e empenhos financeiros com os Estados Unidos e outros paises avolumam-se, alguns daqueles que tem sobre os ombros a incumbência patriótica da defesa do próprio povo e dos interesses da nação, trabalham em causa de estômago e de vaidades pessoais, pouco se lhes importando que a naufrague.
Entrementes, a situação inevitável das providencias governamentais, de liberação de maior número de ágios para a importação de máquinas e implementos para a lavoura, hidrômetros e tratores para a construção e conservação de estradas, continua a marcar passo, sem acompanhar o ritmo das necessidades brasileiras.
Não precisamos ir longe, buscar argumentos para corroborar o que estamos afirmando; para citar apenas pequenos fatos, conhecidíssimos de todos, relembramos a luta de vários anos empreendida pelos poderes municipais – Câmara e Prefeitura –, no sentido de conseguir divisas para a importação de hidrômetros e motoniveladoras. A contenda referida, em que se considere os esforços de nossos dirigentes e legisladores, aos quais sempre emprestamos nossa colaboração e apoio como órgão de imprensa defensor dos interesses do povo e do município, jamais chegou a aproximar-se do desfecho satisfatório e real, pois as barreiras burocráticas são, em certas ocasiões, verdadeiramente intransponíveis.
Mesmo durante a luta referida, passou a famigerada primeira “lei cadillac” a vigorar e dela usufruíram efeitos des(a)vergonhados e impatrióticos deputados. Cogita-se agora, a articulação de nova e infame lei de igual jaez, em mais uma afronta a paquidérmica bondade da gente brasileira, num desrespeito condenável a todos nós.
Aqueles que, conscientemente, depositaram nas urnas, no último dia 3, votos em favor de certos deputados, deverão estar agora, boquiabertos ante a abusiva desfaçatez de certos candidatos que conseguiram se eleger.
Nossa esperança é que ainda, dentre o número dos deputados reeleitos e dos recém eleitos, póssa haver u’a maioria de homens de razão e bom senso, para recusar a aprovação déssa pretensa e imoral lei, dando assim, em nome do próprio povo, uma lição de moral e dignidade, aos partidários déssa segunda “lei cadillac”, verdadeira vergonha legislativa do país.
Extraído do Correio de Marília de 29 de outubro de 1958
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