Resposta a uma leitora (19 de setembro de 1958)

Não é do nosso feitio o responder cartas que nos chegam às mãos, sem a devida assinatura e competente identificação. Entretanto, vamos responder a missiva que nos foi endereçada e simplesmente assinada por “Leitora”.

Abrimos a excessão, em vista do assunto focalizado no conteúdo da correspondência referida, qual seja, a necessidade de elegermos candidatos de Marília no próximo pleito de 3 de outubro (de 1958), bandeira éssa que de há muito empunhamos.

Vamos por etapas, cara leitora.

Sua cartinha, apesar de muito bem escrita (embora mal datilografada), é uma incoerência. Você advogada o direito de votarmos em candidatos de fóra, dizendo, lógo a seguir que “à nossa frente se depara o mesmo abismo que, um dia, caímos nele, ao termos levado à Assembléia êsses fulanos que lá se encontram”! Quer dizer, você preconiza a escolha de nomes alienígenas, quando você mesma confessa a inutilidade desses nomes!

Por outro lado, vê-se perfeitamente que você é mesmo leiga em questões política, ao perguntar quais os benefícios que os atuais candidatos de Marília prestaram à cidade. Dê uma chegadinha à Secretaria da Câmara Municipal e peça ao seu diretor, as explicações sôbre os trabalhos individuais e conjuntivos de nossos vereadores. Faça u’a análise imparcial, considere que eles realizam um número relativamente reduzido de sessões anuais, compare a demora de tramitação legal dos projetos de leis, os pareceres técnicos das comissões especiais, a observância aos têrmos preceituados pelo Regimento da Câmara, pelas Constituições – Federal e Estadual – e pela Lei Orgânica dos Municípios, diplomas legais que servem de alicerces para o confeccionamento de nossas leis. Depois você aquilatará, conscienciosamente, que os vereadores que agora são candidatos à deputado, cumpriram, dentro das limitações naturais de suas possibilidades, o dever para com o povo, no sentido de bem se desincumbirem de seus mandatos.

Muita gente em Marília, por motivos diversos, teve necessidade de recorrer aos vereadores, especialmente aos óra candidatos e dêsse número, às condições viáveis, quasi sempre foram atendidas. Muitos melhoramentos hoje vigentes, inclusive realizações ligadas ao interesse público, tiveram seu nascedouro em trabalhos de nossa edilidade.

Saiba mais, que a Câmara de Marília tem sido citada, constantemente, pelas mais importantes edilidades do Brasil, como um padrão de exemplos e trabalhos, que muitas leis nascidas naquela Casa, serviram de moldes e hoje vigoram em diversas comunas do país.

Você não acha que um cidade que reside entre nós, que aquí está radicado e que aquí possui família, vivendo conosco e conhecendo nossos problemas e carências, já tendo dado uma parcela de sua contribuição em pról da causa comum mariliense, apresenta, por sí só, credencial digna de disputar as eleições como candidato de nossa cidade?

Quando a ser o mesmo erro em votar em candidatos daquí e de “amigos” de fóra, não concordamos, pois o erro, entendemos, existe só em votar em forasteiros. Numa comparação grotesca, perguntamos a nossa leitora: Um seu tio, residindo na Conchinchina ou na Gomarábica, só pelo fato de ser seu tio, conhecerá e tratará com o mesmo carinho os problemas de seu lar, afétos diretamente ao senhor seu pai (ou seu esposo, se for o caso)?

Pense sôbre isso e depois convenha que deveremos votar em gente de Marília.

Extraído do Correio de Marília de 19 de setembro de 1958

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