O novo Ginásio do Estado (6 de setembro de 1958)

Como é do conhecimento geral, Marília deverá construir, dentro em breve, o segundo Ginásio Estadual, cujo prédio será erguido mediante um financiamento já contratado com o Instituto de Previdência do Estado de São Paulo.

Não tivemos o ensejo de manusear a planta do aludido edifício. Pessoas insuspeitas, no entanto, quem estudou o citado projeto de construção, em conversa conosco, não conseguiu esconder seu desagrado ante uma série de gritantes falhas que apresenta a planta referida, em confronto com as necessidades exigidas pelas finalidades precípuas de seu elevado destino.

O prédio, obedecendo (a) um modêlo padrão, não disporá de um salão Nobre condigno; apenas um pátio interno, para reuniões de alunos (que permanecerão de pé certamente). Corredores exígúos, menor número de salas de aulas do que o prédio atual da Praça da Bandeira e o inconveniente da localização pouco estratégica das instalações sanitárias.

Dissemos que o edifício será tipo “standard”, adotado para todas as cidades; existe um grande erro nessa adoção, pois mesmo sendo a construção padronizada, certo seria que êsse tipo de padronização obedecesse escalas ou tipos, como “A”, “B” e “C” ou “1”, “2” e “3”, por exemplo, pois inconcebível seria o construir-se prédios destinados ao fim em referência, de tipo idêntico, por hipótese para as cidades de Oriente, Pompéia, Marília, Campinas, etc., onde as necessidades diferem e onde o número de almas escolares é variável.

De conformidade com a palestra que travamos com a pessoa que nos cientificou êste fato, a efetivação déssa construção, nos moldes propostos, não correspondendo totalmente aos anseios e exigências da classe estudantil e ao fim a que se destina, transformar-se-á, inevitavelmente, num futuro bem prómo, num motivo de desagradável erro, que poderá ser melhor apreciado e justificado ainda agora, enquanto tempo existe para tal.

Marília cresce em todos os sentidos, sua população aumenta. As necessidades no setor educacional, cada vez mais se acentuam e o erguimento do prédio, obedecendo o tipo padrão pré-estabelecido, significará um erro imperdoável lógo no dia de amanhã. Isto é, mesmo com dois ginásios estaduais, Marília não terá prédios e nem acomodações suficientes para suas necessidades nêsse setor!

Como dissemos, estamos baseando nosso escrito, em informações de pessôa idônea aquí residente, as quais nenhuma dúvida temos em endossar. Néssas condições, de bom alvitre seria que os poderes competentes se interessassem pelo assunto em apreço e verificassem o que de verdade existe nas alegações óra ponderadas, tomando as providências que se fizessem necessárias, enquanto existe remédio para o mal.

É mesmo inacreditável, repetimos, que o prédio referido, de tipo “standard”, seja de iguais condições para todas as cidades, indistintamente, sem atentar-se para uma série outras de quesitos e necessidades, ditadas pelo dinamismo, em maior ou menor volume, por cidades de diferentes densidades demográficas.

Entendemos que não está certo.

Outro ponto de importância, é que um estabelecimento oficial possua o seu Salão Nobre, indispensável para conferências, pregações cívicas, homenagens, comemorações, formaturas, etc.. Os dias de hoje deixaram para traz, especialmente em escolas secundárias, mesmo do primeiro ciclo, a condição de professores falarem aos alunos enquanto estes permanecem em pé e acotovelados.

Corredores estreitos e acanhados, não condizem também com um estabelecimento educacional moderno e muito menos se casa com estética, a localização de instalações sanitárias de uma escóla, lógo praticamente à entrada do estabelecimento.

Soubemos ainda que a exibição da planta a vários colegiais, provocou espécie e estranheza das mais profundas, ao lado de uma decepção das mais incríveis.

Ante isso, não seria interessante atentar-se para as considerações que nos foram trazidas pelo nosso informante e averiguar tudo devidamente, providenciando o que necessário, para que Marília(,) que vai possuir seu segundo ginásio estadual, possua de fato um prédio condigno de acomodar o segundo ginásio estadual?

Aquí fica a sugestão.

Extraído do Correio de Marília de 6 de setembro de 1958

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