Um bar que poderia servir melhor (26 de julho de 1958)

Existe na Estação da Paulista, um bar moderno e bem montado, mas que poderia, indiscutivelmente servir melhor ao público viajor.

De acôrdo com o que conseguimos apurar, junto a funcionários de categoria da citada estrada de ferro, o proprietário do mencionado estabelecimento firmou documento de fé, pelo qual o bar referido deverá estar aberto por ocasião de passagens dos trens, em qualquer sentido e em qualquer horário.

Não está sendo cumprido à risca esse compromisso que representa interesses menos para os ferroviários do que para o público em geral. Um comboio que deixa São Paulo demandando à Adamantina, para por Marília por volta das 3 horas da madrugada. Essa composição desliga o carro restaurante em Bauru, lá pelas 23 horas. Muita gente que continua a viagem, sofre a grande decepção, de, quasi sempre, encontrar fechado o mencionado bar, numa hora em que muitos desejariam tomar café, comprar cigarros ou outras coisas correlatas. Quando isso sucede, o que não tem sido muito raro, os viajantes são obrigados a viajar mais cinco ou mais horas sentido a falta de um local para servirem-se no que tange a vendas de um bar.

Varias reclamações chegaram ao nosso conhecimento, principalmente de marilienses que se valem do aludido comboio e que, sem alimentação matinal em suas residências ou hotéis, deixam esse procedimento para realiza-lo no bar da Estação da Paulista.

Ainda ontem, uma pessoa deste jornal, ao ter necessidade de utilizar-se da referida composição férrea, viajou sem tomar café, porque o estabelecimento estava fechado. Como adulto, pouco foi o prejuízo sofrido pelo nosso companheiro. Entretanto, o mesmo teve o ensejo de presenciar uma onda de dissabores e reclamações, decepções mesmo, de alguns outros marilienses que se viram na mesma contingência e de gente que procedia de São Paulo com destino a cidade alem de Marília. Igualmente, senhoras com crianças, necessitando adquirir leite para filhos menores, alguns mesmo lactentes e não podendo fazê-lo.

Está errado. O bar deverá funcionar durante todos os momentos de trânsito de trens por Marília, em qualquer direções que estes sigam e em qualquer horários, do dia ou da noite. Ou o bar serve o público ou não. O fato é que servir em etapas e de acordo com determinadas conveniências não é plausível. Se o trem em apreço contasse com serviços de restaurantes, nenhuma dúvida faria o funcionamento ou não do estabelecimento citado nessa circunstância.

Ademais, existindo, como nos garantiram existir, documento de compromisso desse funcionamento, é estranhável que tal anomalia venha se verificando. São inúmeras as reclamações que a respeito nos tem chegado ao conhecimento. Como procedam, aqui ficam registradas, na certeza de que os responsáveis pelo bar em alusão póssam atender, não propriamente a nós, mas sim ao público em geral, maximé aquele que procedente de São Paulo, Baurú ou outros centros, ruma para Tupã, Adamantina, etc..

Extraído do Correio de Marília de 26 de julho de 1958

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