Café (30 de julho de 1958)

Cafeicultores de Marília e de outros centros, como Garça, Baurú, Piraju, Vera Cruz, Cafelândia, Lutécia, etc., reuniram-se domingo (27 de julho de 1958) em nossa cidade, sob o patrocínio da Comissão de Defesa do Café, da Associação Rural de Marília.

Em síntese, a aludida assembléia objetiva a luta pela manutenção dos preços da rubiácea que vigoraram no ano findo e pela extinção do chamado “confisco cambial”.

Igualmente, no mencionado conclave, ficaram assentados os pontos seguintes: Coordenar, com o Estado do Paraná, a “Marcha da Produção”; Manter contacto permanente do Govêrno do Estado, entidades dirigentes da lavoura cafeeira e associações rurais; promover amplo plano de esclarecimento à opinião pública; e providenciar, junto à FARESP e associações da classe ruralista, a constituição de comitês estaduais e regionais, para, juntamente com o movimento óra em vigência no Estado do Paraná, desenvolver campanha de apôio ao Governador Jânio Quadros, em face de suas atividades em pról das reivindicações da lavoura cafeeira.

Igualmente decidiram os congressistas referidos, inovar a solicitação a lavoura em geral, para uma campanha mais unida em beneficio da política cafeeira atual, e, especialmente, contrária ao atual “confisco cambial”.

Não somos conhecedores do assunto, para discuti-lo amplamente. O que pretendemos e desejamos nessa questão, é que dessas reuniões e mesmo do rearticulamento da chamada “marcha da produção”, póssam advir para todos os brasileiros, respectivamente para os pequenos e particularmente para os que engrandecem a cafeicultura nacional, trabalhando no duro, de sól a sól, melhores benefícios, mais folgadas condições de vida.

Temos em nós, a impressão de que existe outro ponto de vital importância néssa questão do café. Nos últimos anos, o mercado cafeeiro de exportação sofreu a influencia, concorrência e mesmo pressão em determinados prismas, de outros paises produtores. Nós, os brasileiros, contribuímos para esse fenômeno, cujos reflexos óra se espelham dentro da própria economia nacional. Por dois motivos: primeiro, pela negligência na seleção do produto exportável e muitas vezes má classificação da rubiacea; segundo, porque nós próprios não somos bons consumidores de café.

O dia em que o brasileiro se tornar bom consumidor de café como outros povos – o irlandês, por exemplo –, o mercado interno brasileiro será capaz de consumir mais de 50% ou até mesmo três terços da cifra da produção nacional.

Ha pouco divulgou o IBGE, que o habitante da Islândia consome 11,1 quilos do produto, representando êsse índice o maior consumo “per capita” de todo o mundo. Os suécos absorvem anualmente, por pessoa, 8 quilos e os norteamericanos e os finlandeses, 7,6 quilos “per capita”.

No Brasil, o consumo de cada pessoa adulta, por ano, segundo os mesmos dados estatísticos, é calculado em seis quilos, o que vale dizer, 500 gramas “per capita” mensalmente!

Extraído do Correio de Marília de 30 de julho de 1958

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