Tempinho Chato! (14 de junho de 1958)

Efetivamente, a gente em Marília tem que possuir uma saúde de ferro e tratá-la bem. Parece aberração o afirmar-se que precisa-se tratar bem da saúde, mas não é.

Se não fizer isso, a “dita cuja” acaba “enferrujando” em pouco tempo. E por falar em tempo, cremos que é mesmo o tempo, o motivo dêsse acontecimento. Venta, chove, faz frio, calor, garoa, etc., em lapsos intermitentes.

A gente sai à rua de roupa leve, com um sól bonito, temperatura amena, agradável. Num abrir e fechar de olhos a temperatura cambia-se rumo ao princípio do barômetro. Outra vez a gente sai com capa, guarda-chuva, galocha, chapeu e cachecól, sob um friozinho impertinente e um ventozinho mais impertinente ainda. Em pouco tempo, o tempo muda (nem que seja por pouco tempo), e a gente fica andando por aí, com “cara de tacho”, feito banana abafada, de capa, chapeu, galocha, cachecól e guarda-chuva na mão, debaixo de um sól de estalar mamona.

Marília, que naturalmente (às vezes, artificialmente também), gosta de imitar os exemplos da paulicéia, até nisso é um “papel carbono” de São Paulo. Em consequência, a gente anda de olhos lacrimejantes, temperatura elevada (às vezes nariz escorrendo) e espirrando por aí, mais do que bode selvagem em meio de urtigal.

Não é a-tôa que é comum um protesto natural dos amigos que se encontram: “Cuidado, “velho”; não bata aí, que tomei injeção”.

Também não é a-tôa que os bares aumentaram o movimento de “caipirinhas” – “remédio” que “cura” (?) mais resfriados do que ácido ascórbico!

Com o tempo assim, não há saúde que aguente. E nem bolso, pois os médicos e as farmácias só dão as receitas e os remédios em troca da “gaita”.

Gripe, resfriado, “asiática”, “japonesa”, “argentina”, e outros nomes, que resultam no mesmo: “desmontam” a saúde da gente. Fala-se agora que vem por aí uma onda de gripe do Paquistão (sai, azar!)! Será que não haverá coisas mais importantes para “virem” assim, “na faixa”?

O tempo atual é o responsável por tudo isso. O mais interessante é que o tempo “dribla” mais do que o Cláudio do Corinthians. “Dribla” até o Serviço Meteorológico, que não “acerta” uma...

De tudo isso, uma coisa é “batata”: A gente pode sair à rua, de roupa leve ou pesada, com capa ou sem ela, com galocha ou idem. Volta sempre gripado.

Extraído do Correio de Marília de 14 de junho de 1958

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