A Imigração Japonêsa (19 de junho de 1958)

Transcorreu ontem (18 de junho de 1958) a passagem do primeiro meio século de convivência nipo-brasileira. A 18 de junho de 1908, aportava à Santos o navio “Kasato Maru”, trazendo 51 famílias japonesas, num total de 781 pessoas.

Foram os primeiros imigrantes nipônicos a tomar contacto com os brasileiros, com a terra do Brasil e com os nacionais. Habituados num clima diverso, de costumes diferentes e hábitos equidistanciados dos nossos, tentaram amoldar-se ao nosso “modus vivendu” e em parte conseguiram-no rapidamente.

Hoje estão integrados em definitivo na coletividade brasileira. A segunda e terceira gerações desses imigrantes, usufruindo direitos e deveres idênticos aos demais brasileiros, na fórma constitucional e de acôrdo com nosso próprio regime de liberdade e democracia, em quasi nada diferem do brasileiro indígena, originário de muitas gerações perfeitamente genuínas.

Trabalham, cooperam para o engrandecimento da Pátria. Às vezes, são incompreendidos no que tange à tradicionalidade de seus costumes. Não podem ser censurados por isso, da mesma maneira que seria injusto criticar-se um brasileiro que vivesse sob outro této e alentasse ou praticasse os costumes de sua pátria original.

Acatadores das ordens emanadas do Governo brasileiro, são e sempre foram respeitadores intransigentes da legislação nacional. O “nissei” de hoje é um brasileiro nato, tanto que a maioria deles, embora bem compreenda a lingua dos pais, poucos a dominam com facilidade e poucos são os que podem ser considerados cem por cento alfabetizados no idioma oriental.

Possuimos hoje médicos, advogados, professores, contadores e uma série de outra de profissionais liberais e técnicos; agricultores eméritos, os japoneses pode-se dizer, revolucionaram o problema agrícola do Brasil nestes últimos vinte anos. Maneirosos, habituados a viver num país onde a terra é cançada e o espaço vital pequeno, exigindo uma série de recursos corretivos e reparadores do próprio sólo, souberam tirar vantagem da imensidão terrestre do Brasil.

Nas zonas de maior densidade demográfica japonesa, como é a nossa e outras várias do país, os nipônicos são praticamente os únicos responsáveis pela produção de legumes e verduras. No campo da sericicultura e outros, os japoneses ocupam papél preponderante, igualmente.

Marília muito deve à colônia japonesa. Em sua história de 30 anos de existência, inumeráveis são os feitos de progresso dispensados à cidade e incontáveis são as folhas de serviços prestados ao dinamismo désta terra.

Nós, que contamos dentre nossos assinantes e anunciantes com uma plêiade admirável de japoneses e “nisseis”, gente que sempre soube prestigiar nossas ações e sempre esteve ao nosso lado, não podemos deixar de registrar, nesta oportunidade, êsse grato acontecimento.

No ensejo, nos congratulamos com os japoneses e “nisseis” de Marília e de toda a região da Alta Paulista.

Extraído do Correio de Marília de 19 de junho de 1958

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