Hospital das Clínicas (27 de junho de 1958)

Por ocasião do comício político verificado em Marília na noite de domingo último(22 de junho de 1958), mais de um oradores se dirigiram ao povo da cidade e mais de um falaram sôbre a Faculdade de Filosofia e o Hospital Regional das Clínicas.

Não iríamos aqui acusar ninguém de realizar demagogia com êsses dois motivos, porque como bons marilienses, somos também daquêles que formam no exército local dos homens agradecidos pelas atenções que a respeito nos dispensou o sr. Jânio Quadros.

Entretanto, com é que se diga que a Faculdade de Filosofia, cujo prédio próprio está quase concluido em sua remodelação, é assunto praticamente consumado, não acontecendo o mesmo quando ao Hospital das Clínicas.

O terreno para a construção do referido nosocômio, cuja obra representará fatos de grande importância para o progresso e saúde pública não só de Marília como também da região, foi desapropriado pela Câmara em tempo relâmpago e sua escritura de doação ao Govêrno, para o fim específico, lavrada também em tempo hábil.

O Governador empenhou a promessa e ao isto proceder e receber o terreno respectivo e em referência, meteu-se, obrigatoriamente no compromisso de efetivar a medida. Nós não temos dúvida alguma de que o sr. Jânio Quadros não cumpra o prometido; pelo contrário, temos a mais plena e cabal confiança de que s. excia. realizará a efetivação do empenhado. Tanto assim que o Governador acaba de remeter à Assembléia, projeto dispondo sôbre a criação, como autárquica, do aludido hospital.

Agora é que nos assalta um certo receio sôbre a dificuldade e morosidade da concretização rápida dêsse ideal. Isto, porque, os senhores deputados ultimamente estão brilhando pela ausência às sessões legislativas do Palácio 9 de Julho. A maioria dêles está percorrendo o interior à cata de votos para a reeleição. A imprensa paulistana tem comentado o fato à larga, censurando os faltosos e dando a entender que os mesmo, com suas ausências, estão acarretando prejuizos à própria população, pelo fato da não apreciação e votação de centenas de projetos de lei que de perto e com urgência apresentam interêsse geral.

Óra, um dos projetos enquadrados nessas condições, é, sem nenhum negar, o da criação como entidade autárquica do Hospital das Clínicas de Marília. E, da maneira com que as coisas vem se conduzindo a êsse respeito, tememos (e com razão), que o projeto venha a “congelar-se” nas gavetas das Comissões Permanentes da Assembléia, deixando de ser vatado (a palavra correta, no caso, seria votado, mas no jornal saiu como está aqui: vatado) no ano em curso.

Por êste intermédio, fazemos um apêlo aos partidos políticos locais – e também à nossa edilidade – para que se dirijam aos líderes das bancadas no parlamento paulista e à própria Assembléia, fazendo ver aos deputados bandeirantes, da necessidade inadiável de apreciação e votação da proposição em referência.

O prefeito Argollo Ferrão, que acêrca do fato não tem descuidado um momento sequer, já remeteu à Câmara o competente relatório sôbre a projetação e construção do prédio destinado ao Hospital das Clínicas, com a remessa também de uma cópia ao próprio Governador.

Aqui finda a sugestão.

Extraído do Correio de Marília de 27 de junho de 1958

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