Doença não escolhe ideologia (3 de junho de 1958)

Divulga a “United Press”, em telegrama procedente de Washigton, o seguinte despacho:

“O Departamento de Estado anunciou que a União Sovietica acedeu a cooperar com os Estados Unidos na luta contra o câncer, às enfermidades cardíacas e outros males.

O presidente Eisenhower, em uma mensagem enviada ao Congresso há alguns meses, propôs a colaboração entre os Estados Unidos e outras nações do mundo com êsse objetivo.

A Rússia, em uma nota de 19 de maio (de 1958), respondeu que já presta sua cooperação à Organização Mundial da Saúde, mas ao mesmo tempo, propôs que os Estados Unidos e a União Soviética juntem seus esforços em vários programas, durante os anos de 1958, 1959 e 1960.

Um desses programas seria a criação de comissões russos-norte-americanas para combater o impaludismo e a varíola na América Latina e Africa.

Os Estados Unidos responderam que, a seu ver, algumas fases das propostas soviéticas devem ser estudadas e realizadas por intermédio da Organização Mundial da Saúde”.

Tal fato, em que pese a (in)tensidade de relações os dois povos, não deixa de constituir-se num motivo de alguma futura esperança de maior entendimentos entre os homens. O encarar-se com atenção e interesse, o problema dos males que afligem a humanidade, é uma demonstração dos próprios ensinamentos de Cristo.

A doença não escolhe fronteiras, não tem pátria e não tem preferência por ideologias políticas, razão pela qual, a própria ciência médica, que, igualmente não passou limites territoriais, deve ser um ponto-base de coesão entre as gentes, em pról de toda a humanidade.

Os males que são referidos na informação acima transcrita, são os que, realmente, vem desafiando o próprio progresso da medicina e a argúcia dos cientistas. Da união da força, experiencias e saber, poderão advir resultados inestimáveis para o próprio povo.

A boa compreensão e a efetivação de pesquisas médico-científicas nesse particular, atestam compreensão acurada e entendimentos profundos; significam que os homens estão raciocinando com a cabeça e não com os pés.

Não ha negar, portanto, que tal decisão óra em prática por essas duas raças de tão antagônicas idéias, traduz motivos de exemplos mútuos, dentro dum campo de ação cujos efeitos e finalidades apresentam, como dissemos, motivos de alguma futura esperança no maior e mais perfeito entendimento entre os homens.

Oxalá os propósitos inicialmente manifestados a êsse respeito, não venham, no porvir, sofrer desvirtuamento em suas finalidades.

Extraído do Correio de Marília de 3 de junho de 1958

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