Uma atitude digna (24 de maio de 1958)

Prometemos, em nossa edição de ontem (23/5/1958), comentar a carta do vereador Dr. Guimarães Toni, dirigida ao autor déstas linhas, em vista de nosso comentário da última terça feira.

Em sí, a carta prescinde de resposta: não por falta de merecimento de contestação ou apreciação, mas pelo módo que se conduziram a respeito, os assuntos que se serviram de móvel à mesma. Entretanto, contornando o ponto vital do conteúdo da aludida missiva, ontem transcrita nésta secção, tornamos ao assunto.

Nosso comentário, sem personificação, focalizou em tése a atitude da Câmara Municipal. O Dr. Toni, como autor de um dos requerimentos que motivaram a celêuma em torno da possivel exiquidade das dependências do Novo Paço, a serem brevemente ocupadas pela edilidade, teve a gentileza de nos dar uma satisfação, acêrca de sua atitude.

Os acontecimentos, em seu desenrolar, provaram que nós jamais tivemos intúitos de atacar ou defender quem-quer-que seja; apenas focalizamos a questão, dentro da função observatória de nossa profissão. Por outro lado, provaram que estavamos com razão.

O assunto em seu todo, não merece ser comentado à larga, porque em definitivo está encerrado. Com um desfecho, que, embóra pareça aos espíritos mais apaixonados ou menos esclarecidos, de módo algo contundente, na realidade, de maneira nobre e digna.

Gostamos da atitude assumida pelos vereadores Guimarães e Fernando Mauro, na sessão da última quinta feira de nossa edilidade. Penitenciando-se de um engano cometido, não diminuíram, em nada, suas personalidades marcantes; pelo contrário, demonstraram, sobejamente, uma altivez de carater digno, sobretudo democrático.

Souberam reconhecer os motivos de uma apreciação precipitada e foram capazes de reconhecer o áto impensado, a interpretação errada, dando as mãos à palmatória.

Gesto nobre, digno, honrado. Gesto elegante, de ombridade.

Retiraram as expressões assacadas anteriormente, reconhecendo um erro e o fizeram com a mesma ardorosidade e do mesmo local e para o mesmo público que assistiu, anteriormente, a exteriorização de um ponto de vista diferente.

Ficou claro que os edís referidos souberam demonstrar publicamente um arrependimento compreendido. Isso, entendemos, não diminui ninguem, mas pelo contrário, dignifica. Diminuiria os cidadãos referidos, se se obstinassem em suas diretrizes, após ouvirem a palavra dos técnicos, após terem-lhe sido provadas argumentações em contrário.

Desejamos, tão somente, fazer uma pequena observação ao Dr. Guimarães Toni: S. Sa., ao ocupar a tribuna, disse, de módo geral, que os reporteres ou correspondentes de jornais da Capital deturparam ou interpretaram a seus módos a verdade dos fatos. Não discutimos, em absoluto, tal pormenor. Apenas lembramos, reafirmando, que, de nossa parte, tal não aconteceu. Divulgamos o acontecimento como a realidade o apresentou o comentamo-lo dentro do critério da razão e da base de seus motivos originários. Só isso.

Extraído do Correio de Marília de 24 de maio de 1958

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