Mater (10 de maio de 1958)

Amanhã, segundo domingo do mês de maio – o Mês de Maria, o mês das flores –, marcará a comemoração do Dia das Mães (de 1958).

Estávamos no meio de um escrito para esta coluna, quando um telefonema feminino, de leitora assídua de nosso jornal, nos solicitou que escrevessemos alguma coisa “sôbre a personalidade da mãe em seu real e profundo sentido”. Como, habitualmente, esta coluna não circula aos domingos, vamos tentar rabiscar alguma coisa sobre a Rainha do Lar, em substituição àquilo que inicialmente ensaiáramos.

Mas, escrever o que? Como delinear êsse poço de bondade, sacrifício e abnegação que se chama Mãe? Como conseguir expressões gramaticais, capazes de convencer, de provar a majestade excelsa daquela a quem Deus deu o poder de gerar, conduzir nove meses dentro de si e colocar a gente no mundo? Nêsse mundo maluco, de correrias, de ganâncias, ingratidões e podridão moral?

Tudo o que se escrever a respeito do amor sublime das Mães, mesmo que da lavra das maiores intelectualidades imagináveis, não conseguirá traduzir, integralmente, a valiosidade inalcançável da grandeza moral do amor de u’a Mãe.

Mãe é, antes de tudo, uma criatura abençoada pelo próprio Criador, à quem confiou missão sublime e elevada. Designada pela vontade do Pai, nasceu para sofrer com um sorriso nos lábios. Chefia de fé, complacente, humana, alimenta-nos com o seu sangue no próprio ventre, sofre sorrindo quando nascemos e nos dá a seiva da vida através dos próprios seios. Sofre conosco nas adversidades, permanecendo desvelada ao nosso lado na doença. Tem sempre um cuidado extremoso e um desassossego indisfarçável pelas nossas vidas. E o faz do modo mais natural do mundo, como só a Mãe sabe fazê-lo.

Rí com nossas travessuras e não consegue conter lagrimas de contentamento quando iniciamos os primeiros passos ou pronunciamos as primeiras palavras. Sente-se inundada pela felicidade quando balbuciamos as primeiras letras do alfabeto.

Não vive para sí, vive para os filhos. Não pensa em sí unicamente, para pensar exclusivamente naquêles que gerou e que dêles se orgulha.

As Mães cuidam mais de nós, do que nós próprios. Mãe é aquilo que se pode chamar de Anjo da Guarda terrestre. Só elas sabem perdoar realmente, porque só as mães têm coração capaz dessa grande virtude.

Muito se tem escrito a respeito do amor de Mãe. Muito ainda será feito nesse mesmo sentido, sem que ninguém jamais possa conseguir atingir a perfeição, quando tentar descrever a grandeza do coração de u’a Mãe.

Criaturas abençoadas, que não sentem fome quando não comemos, que participam como só elas sabem participar de nossas menores preocupações. São capazes de permanecer indefinidamente à nossa cabeceira quando nos recolhemos ao leito, sem o menor esmorecimento. Suas preces nos salvam e são ouvidas por Deus, porque só a oração sincera, verdadeira e de coração, agrada ao Pai.

Os que têm Mãe, são sem dúvida os mortais mais felizes do universo. Terão, no dia de amanhã, um motivo justo de render um preito de respeito e gratidão àquelas criaturas abençoadas. E, quem não tem a ventura de ter Mãe viva? A êstes só restará o consôlo e o dever inquestionável da rememoração da idéia, da recomposição de um quadro saudoso, do reavivamento da saudade eterna pela lembrança daqueles que lhes deram as vidas.

Amanhã, domingo, é o Dia das Mães. Saibamos, dentro de nossas possibilidades de filhos amantíssimos, interpretar a grandeza dêsse magno dia.

As Mães merecem nosso respeito, nossa reverência, nossa estima. As Mães merecem muito mais, alguma coisa que nós sentimos, sabemos o que é, e temo-la dentro de nós, mas não sabemos explicá-la em todos os sentidos – o amor sublime, filial. O amor dos filhos pelo amor das Mães.

Às Mães de todo o mundo, através das Mães de Marília, nessa data gloriosa de amanhã, nós nos curvamos humildemente, rendendo nosso respeito e admiração.

Deus vos abençôe, Mãe de todo mundo, de todas as gentes.

Extraído do Correio de Marília de 10 de maio de 1958

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