Votos & Candidatos (II) (20 de março de 1958)

Oficiosa e oficialmente, metamorfoseou-se há pouco a política local, em relação à escolha de candidatos para concorrerem ao próximo pleito eleitoral.

Até recentemente, tínhamos como certos, os nomes de monsenhor Bicudo, Fernando Mauro e Ademar de Toledo, como candidatos à deputação estadual; Argollo Ferrão e Aniz Badra à federal. Adhemar de Toledo não concorrerá, conforme asseverou ao autor dessas linhas. Motivos diversos, de ordem particular o impedirão. Monselhor Bicudo, de conformidade com o que havia declarado antes de sua recente viagem à Europa, igualmente não disputará o pleito. Restaram então Fernando Mauro (estadual) e Badra e Argollo (federal).

Agora vem de ser lançado o nome de Leonel Pinto Pereira, pela U. D. N., para concorrer a uma cadeira no Palácio 9 de Julho. Não resta dúvida, que trata-se de uma escolha das mais felizes do bloco udenista local.

Mais duas candidaturas oficiais estão em pendência, “mais p’ra cá do que p’ra lá”. Romeu Rotelli, pelo P. S. B. e Shiguetoshi Nakagawa, pelo P. R. P.. A homologação dêsses nomes já “está no forno” e sua corroboração prestes a sair. Sem dúvida, duas boas escolhas também.

Teremos, então, nessas condições, cinco candidatos – três para o Palácio 9 de Julho e dois para o Palácio Tiradentes.

De acôrdo com nosso ponto de vista anteriormente manifestado, entendemos como além do suficiente, o número de candidatos locais. A dilatação do mesmo, implicará, logicamente, na diminuição de nossas possibilidades quanto a eleição de gente da terra.

Isto, sem contar-se ainda, a dispersão natural de votos, com a consignação de sufrágios a candidatos alienígenas.

O bom mariliense, aquêle que realmente pulsa pela cidade, deve atentar para o fato em apreço, de que o não prestigiamento dos candidatos locais significará negligência pelas coisas de nossa cidade, e, em última análise, da própria região.

Dissemos da realidade de cinco candidatos. Existem ainda nomes em perspectivas, como Guimarães Toni, Sebastião Mônaco e Lourenço Senne, por exemplo. Repetimos nosso modo de ver as coisas nêsse sentido: o número avultado de candidatos locais não dará certeza de vitória de alguém, mesmo daquêles que aparentemente mais credenciais reunem para o exercício dos cargos pleiteados. Haverá logicamente, prejuizos mútuos entre o (p)róprios disputantes.

Uma coisa é certa, em tudo isso. Candidatos de nossa cidade devem ser prestigiados por nossa gente. Pena, repetimos, que tenhamos que decidir entre número tão grande, com uma convicção antecipada de dúvidas quanto vitoria estrondosa de “a” ou “b”.

Por outro lado, devemos evitar as repetições dos fatos passados, dispendendo votos à gente de fóra, principalmente em pról de nomes já conhecidíssimos em nossa região, cuja folha de trabalhos em beneficio de nossa terra fôra das mais negativas possíveis. Mesmo para os casos em que alguma coisa conseguida por Marília, tenha aparentado uma falsa paternidade de algum “doutor promessa”, que, imediatamente tenha se entitulado “o pai da criança”. Sabem nossos leitores perfeitamente, que existe fundamento nesse pormenor e não ignoram a existência de exemplos a respeito.

O voto, arma poderosa, deve ser manejado com mais cautela desta vez. Reincidir nos erros de ontem, não encontrará nenhuma justificativa. Trocar o vóto por uma promessa de emprego nada apresenta de patriotismo, de amôr por Marília.

Falta de alerta, não será o motivo para chorar-se depois. Falta de exemplos contundentes e prejudiciais para os próprios interesses de nossa gente, idem.

Depende, agora, apenas do eleitorado local. Este saberá o que pe certo fazer, porque só ele será responsável pelos acontecimentos futuros, com respeito aos sucessos ou fracassos que conseguir colher na época hábil.

Extraído do Correio de Marília de 20 de março de 1958

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)