Marechal Rondon (24 de janeiro de 1958)

Verdadeiramente, raras pessoas conseguem reunir tantos e tão elogiáveis atributos pessoais, como aconteceu com o desaparecido Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

A morte dêsse ilustre militar, consternou todos os quadrantes do Brasil e repercutiu mesmo fóra de nossas fronteiras.

Figura invulgar, sertanista sincero e devotado, militar brilhante, mercê de seu magnânimo coração, o marechal Rondon dedicou tôda uma existência na defesa e na sorte dos indígenas de nosso país. Foi o mais intransigente e leal advogado dos homens simples que habitaram nossas selvas e que nada mais aspiram do que uma vida em paz, distanciados da civilização, afastados da maldade e das dificuldades daquilo que chamamos “vida moderna”.

Soldado brilhante, sua arma sempre foi a palavra amiga e sincera, o bom senso, as iniciativas comedidas, os gestos ponderados e razoáveis. Sua espada, o amor pelos nossos irmãos silvícolas. Sua trincheira, a defesa dessa gente.

Sertanista e indianista dos mais compenetrados, bandeirante dos mais nobres e dignos e patriota dos mais conscientes, o marechal Rondon tinha como bandeira um lema dos mais cristãos imagináveis, em relação aos nossos indígenas – “antes morrer do que matar índios”.

Desde 1881 (26 de novembro), o marechal Rondon servia o Exército Brasileiro. Possuidor de tôdas as promoções e condecorações de nossas Fôrças Armadas terrestres, o homem sempre se identificou pelo espírito simples e humilde são nossos silvícolas –, à despeito de sua grandeza representativa hierárquica e em relação à majestade de seu grande e humano coração.

“Sua obra é uma gloria para o povo. É um símbolo dos pioneiros que construíram o Brasil” – declarou o Presidente da República.

Mais do que meio século de serviço ativo prestou ao Exército. Tôda uma existência dedicou à defesa dos sertanejos, procurando integrá-los na civilização, propiciando-lhes conhecimentos civilizados, conforto, assistência médica, etc.. Jamais alguém deixou de compreender-lhe os propósitos tão elevados que sempre comungou e pôs em execução. Tornou-se um ídolo, mercê de seus trabalhos bem intencionados, térreos e sem esmorecimentos. Conquistou fama, que ultrapassou os limites da Nação. Detentor de altas condecorações estrangeiras (París, Bélgica, França, Peru, Colômbia, etc.).

Sua conduta que foi um orgulho em vida, constituirá, por certo, uma bandeira de exemplos após a morte, exemplos dignificantes, que devem ser seguidos pelos brasileiros patriotas.

Nenhum favor se faria, concedendo-lhe “post mortem”, o Prêmio Nobel da Paz, anteriormente pretendido pelo Brasil e sôbre todos os modos além de merecido.

Extraído do Correio de Marília de 24 de janeiro de 1958

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