“Marcelino Pão e Vinho” (23 de janeiro de 1958)

Até aquelas pessoas que não tiveram ainda o ensejo de assistir o mais famoso e comentado filme de todos os tempos, vivem empolgadas pelas referências à respeito.

“Marcelino Pão e Vinho” está sendo aguardado com desusado interêsse e curiosidade pelos cinemeiros marilienses.

A maioria das gentes, já conhece a história de Pablito Calvo, o intérpetre principal do citado celudóide. A música, as historietas em quadrinhos, as figurinhas, os comentários da crônica especializada, as alusões acêrca do filme, etc., tornaram conhecido por antecipação o enredo do filme. Mesmo assim, os que não viram a mencionada fita, aguardam ansiosos a possibilidade de presenciá-la.

Nós, por exemplo, tivemos já a oportunidade de ver dita película. E confessamos que gostamos imensamente de seu desenrolar. Tudo causou impressão nessa história: a ausência de cenários faustosos e pré-arranjados; o ambiente de pobresa franciscana dos frades do mosteiro, mostrando em tôda a realidade, a miséria e as dificuldades interiores; a simplicidade e a fácil aceitação da história, que nada tem de fantástica ou de fértil imaginação; a naturalidade do desenrolar dos fatos, perfeitamente acatáveis, pelos motivos espontaneidade e de verdadeira lógica que encerram; a ausência absoluta de passagens incríveis e só acontecíveis em filmes cinematográficos; a aceitação de que a história é plausível, passível de acontecimento que pode dar-se em qualquer parte do mundo; tudo, enfim.

Merece destaque especial, a atuação do garoto extraordinários dêsse filme. Executou e interpretou a vida de um menino, sem exagero, sem nada forçado. Naturalmente extraordinária, digna de todos os elogios já recebidos. Simplesmente extrema, mostrando o viver de um garoto normal, em condições normais. Traquina e bom ao mesmo tempo, como tôda criança. Feliz e despreocupado como todos os meninos. De coração bondoso como todos os meninos bons. Sincero em seus propósitos.

O filme é gostoso de assistir. Ameno, prende a atenção. Empolga. Impressiona. Comove e emociona.

Agrada sua história, ressalta-se a fé cristã. Prova que os inocentes andam sempre mais próximos de Deus do que os pecadores. Demonstram o carinho celestial para com os corações bons. Atesta, por outro lado, a inocência pura e santa da alma infantil bem formada e bem orientada.

O filme é belo, para todos aquêles que apreciam a beleza natural e que nem sempre se iludem com cenários fantásticos e exuberantemente custosos. A naturalidade da história e a magnificência de seu desempenho são empolgantes, agradando aos espectadores.

Película digna de ser vista. História bonita, humana, de fundo real.

Façamos então, um apêlo ao sr. Pedutti, para que brinde os marilienses muito em breve, com a exibição dêsse famoso e agradabilíssimo filme – antes de que seu uso contínuo faça aparecer os naturais cortes e dilacerações tão desagradáveis.

Extraído do Correio de Marília de 23 de janeiro de 1958

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