“Papai Noel” (13 de dezembro de 1957)

A “vinda” do bondoso velhinho de barbas brancas é uma tradição imutável, terna e cristã.

Representa alegria, quasi sempre significa presentes.

A garotada aguarda ansiosa, o dia magno da Cristandade; a maioria sem bem aperceber-se da grandeza da data. Os coraçõeszinhos infantis, distantes do aquilatamento da realidade dos fatos, exigem e esperam a ‘chegada’ do “Papai Noél”. Aqueles cujos pais encontram-se em condições – com sacrifícios ou não – de convocar a “vinda” do bom velhinho, são verdadeiramente felizes. Pódem ser contemplados com o clássico presente de Natal, seja grande e custoso, seja simples e pequeno. E os dos pais póbres? Daqueles que sendo chefes de família, mal pódem suportar as agruras da subsistência de um lar?

Muitas crianças, jamais tiveram a oportunidade de receber um presente do “Papai Noél”. Devem considera-lo um ingrato, um separatista, que faz diferença entre filhos de rico e de pobre. E tem razões.

A vida de hoje, caríssima e difícil, faz sofrer não só a classe chamada pobre. Até a denominada “média”, arca hoje em dia com dificuldades terriveis, na labuta cotidiana do ganha-pão diário.

Entretanto, todos os pais procuram não decepcionar os filhos no Dia de Natal. Sacrifícios sem conta são praticados, para que aqueles seres inocentes, que encantam os lares desde o mais humilde e miserável até o mais suntuoso e confortável, possam receber um presentinho do velho de barbas brancas e roupa vermelha.

Os órfãos, os abandonados ao léu do destino, muitas vezes mesmo os que se encontram recolhidos a casas assistenciais, piedosamente mantidas por entidades de classe ou por donativos particulares, nem sempre conseguem um presentinho de Natal.

Muita gente, tem em suas casas, brinquedos considerados velhos e que serão fatalmente abandonados pelos filhos, após o recebimento dos novos presentes de “Papai Noél”. Bom seria, que tais brinquedos fossem destinados aos meninos e meninas recolhidos a Associação Filantrópica e Lar da Criança, para alegrar um pouquinho essas criancinhas, já habituadas a merecer favores e deferências do bom público mariliense. Por outro lado, muita de nossa gente, que, vivendo pecuniariamente bem, tambem voltasse suas vistas para a meninada referida e para outros pobrezinhos que perambulam pelas ruas da cidade, oferecendo-lhes, na medida do possível, algum conforto a respeito.

Não estamos autorizados a falar pelas direções das duas casas citadas, porém, a julgar pelos exemplos públicos que pudemos observar nos anos passados, temos a certeza de que tais tipos de presentes só seriam bem recebidos, causando, por outro lado, inapreciáveis satisfações aos meninos e meninas beneficiados.

Se diversas famílias assim agissem, como outras já se habituaram a proceder no pretérito, o Natal dos Pobres internados nos Lar da Criança e na Associação Filantropica, seria bem mais ameno, bem mais aproximado da verdadeira amizade cristã. Não porque faltem tais cuidados aos aludidos internados, mas porque, as direções dos estabelecimentos mencionados, já lutam com dificuldades ingentes para a manutenção das referidas casas, e, despesas nêsse sentido, partidas das diretorias, não teriam outro caminho, senão passar à consideração de adiáveis.

Aquí fica o apêlo, dirigido aos marilienses.

Extraído do Correio de Marília de 13 de dezembro de 1957

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