Democracia X Monarquia (21 de dezembro de 1957)

Para o autor destas linhas, o pensamento encerra um sentido esdrúxulo. Cremos que para muita outra gente também.

O fato é que tenta-se, mais uma vez, o restabelecimento do regime monárquico no Brasil! Existe quem deseje (lutando ao mesmo tempo, pela instauração da monarquia), um Rei brasileiro.

O Movimento Patrianovista empenha-se agora numa luta de propagação de suas idéias acerca da implantação do regime monárquico no país, destituindo, em consequência, o atual sistema político. Teremos, se o número de adeptos da idéia fôr concreto, a luta entre as duas forças. Não cremos, no entanto, nessa possibilidade, como não acreditamos, de forma alguma, em probabilidade da modificação do regime democrático.

Declaram os partidários dêsse movimento, que, “sem rei, não há união nacional”. E acrescentam: “Só a doutrina monárquica salvará a Nação. Não há outra solução. Há 68 anos que nos impuseram viver dentro de um regime espurio. Há 68 anos que nos mentem, nos prometem, nos engodam, nos atrapalham, nos envergonham, nos deformam, nos empobrecem, nos tiranizam. Isto é república, legítima republica”(.)

O sr. Arlindo Veiga dos Santos, chefe geral do Movimento Patrianovista, afirma:

“Sem rei, sem imperador, não ha união nacional. Resta-nos a esperança da Hora de Deus, que eleve ao trono vazio da Imperial Nação Brasileira, o aniversariante do dia 13 de setembro – S. A. I. Dom Pedro Henrique de Bragança, Dom Pedro III, cujo acesso ao Poder renovará o milagre de seu bisavô D. Pedro II em 1840, para a demonstração concréta de que com rei haverá união nacional.”

No ról da História do Mundo, percebe-se que as nações que em mais curto espaço (de) tempo progrediram, são as que abandonaram o regime monárquico. Isto, fazendo uma exceção à Inglaterra, cujo reinado é aquilo que se poderia chamar pró-fórma apenas, uma vez que o poder monárquico só têm, praticamente, a função de sancionar.

O Brasil tambem constitui uma excessão nesse sentido, pelo seu lento progresso desde que aboliu o reinado. Suas causas, no entanto, são múltiplas e poliformes.

Estamos de acordo com o ponto de vista do Sr. Arlindo Veiga dos Santos, quando afirma que vivemos num clima de mentiras, promessas, engodos, atrapalhos, envergonhamentos, pobreza, etc.. mas não acreditamos que um rei póssa endireitar uma coisa que vem sendo torta desde os primórdios de nossos dias.

Achamos, como dissemos acima, a idéia esdrúxula. E absurda. E ficamos com “a pulga atrás da orelha”: O sr. Arlindo Veiga dos Santos, a julgar pelo nome, deve ser brasileiro. E como bom brasileiro, não poderia fugir à regra. Talvês esteja ele próprio interessado em algum título de duque, comendador ou cavaleiro.

Ou será que, entre nós, ainda existe alguem que “dá ponto sem nó”?

Extraído do Correio de Marília de 21 de dezembro de 1957

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