Natal dos póbres (18 de dezembro de 1957)

Se as manifestações de apreço e aplausos que chegaram até nós, com referência à um comentário que fizemos, sôbre o Natal das crianças pobres, tornarem-se efetivas, vai acontecer muita coisa boa êste ano.

Diversas pessoas nos telefonaram ou nos procuraram, para indagar os meios que deverão utilizar, a fim de que cheguem aos meninos e meninas da Filantrópica e do Lar da Criança, alguns brinquedos de Natal. Despertaram nessa intenção, depois de nosso modesto e despretencioso comentário. A todos, dissemos exatamente aquilo que escrevemos não há muito: que se ponham em contacto com as diretorias dos respectivos estabelecimentos assistenciais. O que fizemos, foi apenas um trabalho jornalístico, no qual condensamos uma idéia, considerada útil. Nada mais.

Agradecemos os aplausos que nos foram endereçados. Nenhum dêles é merecido, uma vez que apenas procuramos lembrar uma situação que deve ser lembrada. Realmente, muita gente pode dispender uma pequena parcela de seus orçamentos, para comprar um brinquedinho, pequeno que seja, que venha a alegrar os orfãozinhos que se encontram sob os tetos das associações referidas.

Por outro lado, muitos pais de família providenciarão a compra de novos brinquedos de Natal para seus filhos. Nêsses casos, os brinquedos considerados “velhos”, ao invés de ficarem relegados ao esquecimento ou abandonados, poderão ser encaminhados às instituições citadas. Lá poderão ter emprego condizente, alegrando coraçõe(s)zinhos inocentes, já habituados a viver da caridade pública, uma vez que desconhecem, por completo, o calor de um lar paterno.

Essa foi a idéia que lançamos. Alias, nesse sentido, diversas pessoas já agiram de modo idêntico no passado. Ninguém poderá avaliar, a satisfação, a alegria traduzida num simples sorriso de uma criança inocente, ao receber um brinquedo de Natal.

Pelo que pudemos avaliar, muita gente de Marília, que, antes jamais tivera a intenção de prestar essa colaboração aos pequeninos e pequeninas órfãos ou desamparadas, irá agora colaborar com essas crianças. Um brinquedo a mais ou a menos, para um chefe de família, redundará na mesma. Quem compra dois, poderá comprar três, colaborando assim, para que uma criança desconhecida, possa participar da felicidade e alegria dos próprios filhos.

Repetimos que nenhum interêsse ou responsabilidade temos com o caso. Apenas comentamos a questão, à guisa de colaboração espontânea com as direções dêsses dois estabelecimentos, tão nobres, que agasalham sob seus tetos, dezenas de crianças, crianças essas que, na maioria das vezes, inocentemente, expiam as culpas dos próprios pais.

Renovamos nosso apêlo: os que puderem e desejarem proporcionar essa felicidade aos garotinhos e garotinhas da Filantrópica e do Lar da Criança, que procurem os citados estabelecimentos, onde, estamos certos, serão recepcionados de braços abertos.

Extraído do Correio de Marília de 18 de dezembro de 1957

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