Fiscalização de presos (14 de novembro de 1957)

Existem opiniões diversas quanto à reorganização da COMAP mariliense. Os que acreditam na possibilidade do mencionado órgão controlador e fiscalizador de preços ser dirigido por gente capaz e bem intencionada, são de parecer que sua existência e atividades só poderão trazer benefícios públicos. Os que, desanimados e desiludidos com exemplos pretéritos, vêem na vida do citado órgão, apenas a continuidade de uma inércia e uma pusilanimidade “tradicionais”, são, com razões, contrários à sua reestruturação.

Nós somos ainda dos que se enquadram no primeiro pensamento. Entendemos que a COMAP deve ser reorganizada para trabalhar com afinco e dentro dos princípios básicos de suas precípuas finalidades controladoras e fiscalizadoras.

Ultimamente o mariliense tem sido vítima de uma série de explorações das mais descabidas. Todo o mundo “tira a sua casquinha” na primeira oportunidade. Não que estejamos pretendendo baixas absurdas em determinados artigos e gêneros de primeira utilidade ou complementos dos mesmos. Não somos tão ingênuos assim. Apenas aspiramos, razoavelmente, um paradeiro a êsse rosário de explorações que se verifica à miúde. Os preços dos frangos, nesta vizinhança do Natal, já principiaram a pular como cangurús. De 60 a 70 cruzeiros na semana passada, já custam 80 a 90. Nêsse passo, pela data magna da cristandade, uma “penosa” atingirá e provavelmente ultrapassará a casa das 100 “pratas”.

Até as melancias e o milho verde custam os “olhos da cara”. Verdura, ovos, frutas, etc.. Coisas que nem sempre pagam imposto, porque existem determinadas isenções fiscais ou porque se verificam naturais sonegações.

Compreendemos perfeitamente, a situação de algum modesto vendedor, que já adquire na fonte de produção mercadorias por preços assustadores, não lhe cabendo culpa pela alta. O que não entendemos são as explorações de intermediários e que a respeito não se tomem providências cabíveis, contra essa maratona altista, cada vez maior e mais acentuada.

Talvez estejamos errados, nêsse ponto de vista; no entanto, pensamos que se existisse um órgão controlador, que bem se desincumbisse de suas primordiais finalidades fiscalizadoras, a situação tenderia a mudar para melhor.

Não há (como) negar, entretanto, que Marília ostenta plana de realce nesse sentido, mesmo em relação aos centros onde a vida é considerada caríssima.

O fenômeno existe e sua solução ou pelo menos atenuação visível, não é “bicho de sete cabeças”. A condição atual dessa referência é decorrência lógica e indiscutível do atual estado de coisas, motivado pela ausência absoluta (ou descuido) da fiscalização e tabelamento de preços de determinados produtos, necessário ao consumo público.

Essa é a verdade. Irretorquível verdade.

Extraído do Correio de Marília de 14 de novembro de 1957

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