Nossa grande companheira (31 de outubro de 1957)

Não há muito, fomos abordados por um estimado causídico da cidade, nosso particular amigo e assinante dêste órgão. O bacharel não escondera a sua admiração, pelo fato de que, só poucos dias antes viera a saber, que o autor destas linhas éra seu amigo comum.

Mostrara-se surpreso, segundo nos asseverara, pelo fato de privar de nossa amizade, ser nosso leitor, algumas vezes abordar um assunto por nós escrito, ignorando-nos como o autor desta coluna. Por outro lado, jamais nos passou pela mente, que referências conosco, acerca de nossos escritos, fossem feitas por essa pessoa, nessas condições, isto é, ignorando-nos como “o pai da criança” no caso.

Tecendo-nos elogios excessivos de bondade, nosso amigo dizia apreciar o que escrevemos, pela variedade das questões que abordamos e pela singeleza do vernáculo que utilizamos. E perguntava-nos se às vezes não nos sentíamos em dificuldades para encontrar ou desenvolver um assunto, destinado à êste espaço. Justificou a pergunta, alegando que êle próprio, muitas vezes, ao necessitar escrever assuntos de fôlego e responsabilidade, carecia de momentos próprios, pois existem ocasiões em que parece que as idéias não se coordenam e o serviço não sai de acôrdo com o motivo pretendido.

Isso acontece, de fato. Para qualquer pessôa, por mais experimentada que seja. Sucede, entretanto, que nós contamos com a colaboração de uma grande companheira, uma amiga leal e solítica, que jamais nos abandonou. Graças a Deus, essa grande amiga nos acompanha desde 1936, quando, ainda no Grupo Escolar, já rabiscávamos algumas colaborações para um pequeno jornal interiorano.

Damos graças aos céus, pelo motivo de auferirmos êsse privilegio, verdadeiramente divino, que é termos sempre ao nosso lado, essa grande companheira, que, até hoje não nos abandonou um único instante. Basta que apenas pensemos em seu concurso e ela já se nos apresenta, disposta a socorrer-nos. É uma grande amiga. Leal, prestimosa e solícita.

Estaremos verdadeiramente perdidos, o dia em que essa companheira nos abandonar. Ela se chama: inspiração.

Extraído do Correio de Marília de 31 de outubro de 1957

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