Marília e o Congresso de Franca (10 de outubro de 1957)

Mais uma vez, estará Marília presente a um certame municipalista. Désta vez, em Franca.

Na madrugada de ontem, para lá seguiu a delegação de vereadores marilienses, composta pelos srs. Nasib Cury, José Brambilla, Dr. Geraldino Furtado de Medeiros e Edmundo Lopes. Os citados edís encontrar-se-ão com o presidente Aniz Badra, que seguiu na frente. Sábado próximo, deverá tambem viajar para a cidade de Franca, o prefeito Argollo Ferrão.

Como sempre, Marília far-se-á presente à um conclave de tão magna importância. Pena que não tenham podido seguir tambem, outros vereadores locais, que, no passado, tão bem representaram Marília nesse setor; são eles o Dr. Guimarães Toni, Sebastião Mônaco, Dr. Fernando Mauro e Reverendo Álvaro Simões. Não que nossa cidade venha a estar mal representada; absolutamente. É que estes nomes citados, aliados às pessoas que alí se encontram, dariam ao nosso município, maior relevo, uma vez que são verdadeiramente estudiosos das causas municipalistas. Tivemos já exemplos frisantes em congressos passados, quando a delegação mariliense brilhou em todos os sentidos.

Uma coisa é certa, no referente aos atuais congressos municipalistas: Os primeiros apresentaram resultados praticamente negativos, os seguintes consequências bastante morosas e os últimos já estão fazendo prevalecer os pontos de vista discutidos e as teses aprovadas nesses conclaves. Podemos dizer agora, que a luta municipalista está principiando a colher os frutos dos plantios pretéritos. Podemos dizer tambem que a barreira de descrédito ou mesmo de desconfiança que desfarçadamente pesou sobre os ombros dos soldados déssa contenda, está sendo gradativamente removida. A consciência está agora desperta e conhecendo em realidade os motivos da luta. O pensamento geral, acerca do municipalismo hoje é outro. A verdade surgiu à tona. Hoje não se tem mais o município, como simples rincão interiorano, habitado por caipiras, incumbidos de produzir e de engrossar os cofres públicos do Estado e da União, empobrecendo cada vez mais. O município vai tomando seu devido lugar na trincheira da realidade e os olhos governamentais estão agora obrigatoriamente voltados para o interior. Muita coisa que éra devida às comunas e que jamais fôra paga anteriormente, o está sendo agora. Até o respeito às autoridades encarado de maneira diferente e não como no passado, quando um prefeito tinha que aguardar cinco ou mais dias para avistar-se com o Governador do Estado, nem sempre conseguindo aquilo que lhe éra devido por direito.

O municipalismo cresce hoje, como deveria ter crescido ha 100 anos passados. A lei do excesso de arrecadação está sendo cumprida no momento. Os governos voltam agora com mais frequência suas vistas para o povo do interior, extendendo-lá inúmeras necessidades que antes éram apenas sonhos.

Marília está, como sempre esteve, presente ao atual Congresso Municipalista, que óra tem lugar na cidade de Franca. Daquí, fazemos nossos votos sinceros para que a delegação mariliense reprise os sucessos anteriores, defendendo as teses e moções previamente elaboradas. Igualmente, extendemos aos congressistas em geral, as nossas felicitações, por mais esse passo na campanha municipalista.

Extraído do Correio de Marília de 10 de outubro de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)