Luz para a Vila Fragata (23 de outubro de 1957)

Diversas pessoas nos procuraram, para que fôssemos intérpretes junto ao sr. Prefeito Municipal e também junto à Companhia Paulista de Força e Luz, no sentido de que sejam tomadas providências urgentes, para estender até à Vila Fragata, os benefícios da rede de energia elétrica.

Realmente, trata-se de uma aspiração das mais justas, uma vez que a Vila referida é o bairro mais próximo ao centro, distando, da parte central da “urbe”, apenas 700 metros. Não é fácil de compreender, que, na atual éra da energia atômica em que vivemos, um bairro tão próximo ao centro da cidade, continue a reclamar êsse melhoramento, hoje em dia tido até como dos mais comezinhos.

Contam-nos os interessados, de que os proprietários de casas e terrenos do mencionado bairro já depositaram na Prefeitura Municipal de Marília, a quantia aproximada de 60 mil cruzeiros, para que o poder executivo póssa fazer face às despesas da instalação dos postes respectivos. Ficamos até um tanto céticos quanto à essa informação, pois acreditávamos que tal incumbência é da própria alçada do município, ou, em última análise de competência e obrigação da firma loteadora e nunca dos moradores ou proprietários de lotes ou casas nesse bairro.

O cérto é que de uma outra forma, isto é, pagando os interessados a colocação dos postes ou arcando o município com éssa obrigação, aqueles que residem na Vila Fragata têm direito a fazer éssa solicitação, têm direito a apelar para quem seja o responsável ou responsáveis, no sentido de auferir êsse marco de progresso.

Mais de 50 famílias residem no mencionado bairro, sendo que a maioria trabalha na cidade, incluindo-se nêsse particular, moças que exercem condições de empregadas domésticas no centro. Tais moças são obrigadas a deixar seus domicílios pela manhã, ainda muitas vezes em plena penumbra ou escuridão e regressar à noite; todos podem avaliar os perigos para essas moças e o desassossego para suas famílias, durante êsse trajeto.

Registramos o apêlo, porque julgamo-lo procedente e perfeitamente justificado. Os moradores de Vila Fragata não pedem favores e simplesmente o complemento de uma condição de vida mais normal, com a extensão àquele bairro, dêsse imprescindível melhoramento de nossos dias, que é a luz elétrica.

Por outro lado, secundamos o clamor daqueles que nos procuraram, rogando ao sr. Prefeito Argolo Ferrão, que tão atento tem se mostrado aos problemas do município, para que se interêsse com urgência pela solvição desse assunto, possuidor em seu todo da mais humana das pretensões e da mais comprovada das necessidades.

Extraído do Correio de Marília de 23 de outubro de 1957

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