Elegeremos um candidato mariliense? (2 de outubro de 1957)

Os inúmeros artigos por nós já escritos, a respeito da necessidade de Marília ser legitimamente representada no Palácio 9 de Julho, em especial, acarretaram-nos uma certa responsabilidade pública, uma vez que volta e meia somos abordados acerca do andamento da questão.

Efetivamente, nossos únicos interesses no caso, representam apenas o desejo de ver Marília sair da orfandade política que até aqui tem apresentado. E temos nossas razões para isso, uma vez que embora tenhamos contado, vez por outra, com algum beneplacido de deputados de outras regiões, para questões de interesses marilienses, a verdade é que os interesses imediatos e que poderiam ser tratados diretamente e não à guisa de favores, tem sido relegados a plano secundário, por falta absoluta e incontestável de não possuirmos o nosso lídimo advogado político em algum parlamento.

O tempo corre célere e quanto mais se descurar do assunto, maiores serão os problemas futuros a respeito do assunto, uma vez que tais problemas já existem sobejamente por trás dos bastidores da própria política local, que, se bem deseje cingir-se aos interesses instrínsicos de nossa cidade, terá que desgrudar-se, pelo menos em parte, das telas políticas das próprias facções partidárias, o que embora não sendo possível, não será de todo fácil, caso não se verifiquem interesses bem marilienses, que sobrepujem os interesses doutrinários.

Daí o dizermos que os próprios diretorios políticos locais terão o dever precípuo e bem mariliense se fazer ver aos seus diretórios regionais ou estaduais, da necessidade déssa colaboração em pról de um ou mais candidatos de nossa terra, sem apôio a homens de todos os centros, embora pertencentes à mesma bandeira política.

Dizia-nos um político local, outro dia, ser louvavel nossa campanha, da qual, ele, pessoalmente participaria incondicionalmente, embora tivesse que desater-se com seu próprio partido. Por outro lado, já outra figura exponencial de nossa vida política nos confessava, aparentemente constrangido, que teria ele que seguir a orientação doutrinária de sua corrente política, apoiando, se fôsse o caso, mesmo um candidato alienígena. Espantou-se esse nosso amigo, quando dissemos que se tal acontecesse, teria no autor déssas linhas e por intermédio désta coluna, um ferrenho adversário, por mais méritos que apresentasse tal candidato de fóra. Isto, porque, respeitando os direitos políticos de todos, nos colocaremos de atalaia, contra todo e qualquer cidadão de fóra que aquí apareça, direta ou indiretamente à caça de votos.

Isso faremos realmente, não tenha dúvida êsse nosso amigo.

Extraído do Correio de Marília de 2 de outubro de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)