Ainda os “discos voadores” (8 de outubro de 1957)

Estamos habituados a receber correspondência de nossos leitores, aprovando ou censurando aquilo que escrevemos. É um direito que assiste a qualquer cidadão, num regime democrático, o de concordar ou não com determinados pontos de vista ou opiniões. Por nosso lado, também acatamos e respeitamos o pensamento alheio, embora nem sempre possamos concordar com muitas idéias.

Escrevemos há pouco, algumas linhas sôbre os chamados “discos voadores”. Fizemos-lo, por solicitação de um leitor. Não abordamos a parte cientifica, porque dela nada sabemos. Fizemos menção ao nosso descrédito sôbre o assunto, em virtude da multi-variedade de informações a respeito foram tornadas públicas, principalmente por uma grande e conceituada revista nacional. Continuamos não acreditando nos “discos voadores” nas poliformes maneiras como são tidos. E duvidamos mesmo que exista uma pessoa que tenha um juizo formado acerca do assunto, depois de ter lido opiniões de diversas autoridades. Isto, porque, êsses pareceres (das Forças Armadas da Rússia, Estados Unidos, Brasil e Inglaterra) apresentam sempre divergências, e, sem bases sólidas, seria insensato acreditar em um, desacreditando outros. Continuamos ainda, nesse particular, apologistas da doutrina de São Tomé.

Recebemos ontem uma carta assinada pelo sr. José Pereira da Costa, censurando-nos por termos escrito as mencionadas linhas. Uma carta, até certo modo fugindo à sua possivel intenção de colaborar conosco. Aconselhou-nos o citado missivista, inclusive, a não invadir terreno desconhecido. Acontece que não invadimos terreno algum e até hoje confessamos nenhuma opinião temos a respeito do assunto (para externar ao leitor que nos solicitara tal pronunciamento anteriormente). Não abordamos a questão sobre nenhum ângulo – repetimos; apenas dissemos nosso descrédito sobre o assunto e mencionamos a nossa desconfiança, ante das fantasias publicadas, muitas delas eivadas de verdadeiros absurdos e quasi todos diferentes. Só.

O recorte do jornal que nos foi enviado (com propaganda indiréta de um país exterior), de nada nos valeu. Poderemos, se o missivista quizer, arrumar-lhe outros, que encaram a questão por prismas variados e depois perguntar ao sr. José Pereira da Costa, com quais pareceres ele ficará e porque optará por uns desprezando outros.

Por enquanto duvidamos disso; não propriamente do(s) fenômenos e sim das afirmações de que os “discos voadores” sejam deste ou daquele módo, deste ou daquele formato.

O missivista não pretenderá, pelo que pensamos, forçar-nos a engolir uma notícia que ele recebeu bem. A energia atômica, o vôo mais pesado do que o ar e outros inventos invocados pelo sr. Pereira são realidade palpável. Sobre o “disco voador”, continuamos ainda na esperança de encontrar uma pessoa que saiba nos esclarecer e ilustrar a respeito, isto é, continuamos achando que existem muitas fantasias, muitas imaginações e explorações em torno do assunto nem todas comprovadamente perto da realidade!

Extraído do Correio de Marília de 8 de outubro de 1957

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