MARÍLIA VISTA DE FORA (28 de setembro de 1957)

Estivemos ausentes desta coluna durante alguns dias, por motivos alheios à nossa vontade. Tiramos umas “férias forçadas”, por questões de doença. Regressamos ontem, bastante saudosos désta querida Marília, apesar do curto espaço de tempo que daquí nos afastamos. Estivemos em diversos lugares, passamos por cidades grandes, inclusive São Paulo. Pareceu-nos, no entanto, que nenhuma das cidades que visitamos se compara à Marília e é imensurável a satisfação daqueles, que, gostando déstas plagas, aquí retornam depois de breve ausência.

Assim nos sentimos. À propósito, tivemos o ensejo de encontrar vários marilienses que hoje residem fóra de nossas fronteiras. Encontros casuais, que trazem em sí aquela alegria verdadeiramente familiar. Todas as pessoas que estão afastadas de nossa cidade, são inconformadas e saudosas. Todas são unânimes em afiançar que o valor à Marília só é dado quando a gente se afasta desta cidade. É um fato.

Dentre as muitas pessoas que deparamos, encontramo-nos em Santos com um guarda civil que residiu entre nós durante quatro anos. Não cessou esse ex-mariliense de cantar as belezas de Marília e a bondade de seu povo. De reafirmar a sua saudade e seu desejo de retornar novamente para conosco residir.

Nós temos experiências própria a respeito, a menos que sejamos diferentes dos demais marilienses. Isto porque, no passado, estivemos ausentes de Marília durante dois anos.

Nos contactos casuais que travamos com gente estranha, o nome de Marília vinha ocasionalmente à baila, uma vez que somos naturalmente bairristas. Aliás, isso que se chama “bairrismo”, para nós, sendo sensato, nada tem de pejorativo: pelo contrário, demonstra um certo patriotismo e amôr a um torrão.

Em conversas com gente de fóra, quasi nenhuma pessoa das quais conosco palestrou, ignorou de um ou outro modo, o progresso vertiginoso de Marília, mesmo aquelas que jamais por aquí transitaram. Um fiscal de rendas federais, residente no Rio de Janeiro, fez-nos alusões encomiosas acerca dos trabalhos da Câmara Municipal de Marília, suas iniciativas e referências minuciosas e observadoras acerca do serviço de f(l)uoretação da água de nossa cidade, numa prova insofismável que o referido cidadão acompanha de perto o andamento das comunas do Brasil. Fatos como êsses, para que gosta muito désta terra, agradam e enchem de orgulho.

Até nos hotéis em que fizemos paradas, o nome de Marília soava agradavelmente e não faltava quem perguntasse se conheciamos fulano ou beltrano.

Hoje, aquí estamos de volta. Vamos novamente “tomar pé” com os acontecimentos locais e prosseguir nossa caminhada neste órgão.

Extraído do Correio de Marília de 28 de setembro de 1957

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