Passagem de nível (10 de agosto de 1957)

Reclamou-se já, por duas vezes, ao plenário da Câmara Municipal, acerca de certas inconveniências que apresentará o complemento da construção de muro da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, marginando a linha da ferrovia, ao longo da Av. Sampaio Vidal, em direção à Vila São Miguel.

Póde parecer um contrasenso o motivo: primeiro, porque reclamou-se insistentemente à mencionada Companhia, que mura-se as margens do leito ferreo; agora, porque se solicita à mesma empresa, que não feche totalmente aquele trecho. No entanto, não existe contrasenso algum. As circunstancias é que motivaram tal proceder. Em virtude do traçado da estrada de ferro, em relação ao mapa e desenvolvimento da cidade, exatamente os dois mais populosos bairros da “urbe” são separados pelos trilhos da ferrovia, estando a ligação dos mesmos, sujeita a recuos e avanços, até os trechos de ruas que “cortam” a linha férrea, unindo as Vilas Palmital e São Miguel.

Quasi no final da Av. Sampaio Vidal, embora não existindo uma passagem oficial de nível, verifica-se um local de cruzamento pedestre, que presta benefícios inúmeros a centenas de pessoas da cidade, com economia de tempo e de trajeto. Fechado o percurso total da Av. Sampaio Vidal, será impraticável esse cruzamento e inúmeras pessoas, especialmente operários, terão que rumar para a Vila São Miguel, a fim de transpor de um para outro ponto, ou, então, dirigir-se para a cidade, para efetuar o trânsito de ligação, pela Rua Paraná. Isto, na pior das hipóteses, porque existe tambem a outra saida: o pagamento de duas passagens de ônibus, o que significará seis cruzeiros a mais, para pesar no orçamento diário da gente daquelas vilas, que reside numa e trabalha na outra. Só o fato de residir na Vila São Miguel ou Vila Palmital, já prova a classe dessa gente.

O fechamento desse trecho, como se vê, trará prejuízos incalculáveis a centenas de pessoas, muitas das quais operários e comerciários, sujeitos a horários certos.

Ao comentarmos o fato, fazemos aquí um apêlo aos dirigentes da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, para que atentem para o fato, procurando estudar uma fórmula, de maneiras que seja a situação atenuada, sem prejuizo da parte interessada, que é bastante numerosa. Em ultimo caso, que a Cia. mande construir alí, uma passagem aérea, mesmo de madeira e só para pedestres. Passagens desse tipo são comuns, existem inúmeras ao longo da ferrovia, e, uma mais, não viria a onerar os cofres da Paulista, que sempre teve em Marília o maior prestigio e a maior consideração, tendo sempre servido bem ao nosso povo.

Aquí fica, portanto o nosso apêlo: para que não seja interrompido o trabalho da conclusão do muro, enquanto outras providências não são efetivadas, que pelo menos uma passagem aérea, mesmo de madeira, seja construida. A Cia. Paulista terá prestado um grande favor a centenas de marilienses e nós duvidamos que a aludida empresa não tenha em mira servir nosso povo em todos os sentidos ao seu alcance.

Extraído do Correio de Marília de 10 de agosto de 1957

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