Não adianta, não (3 de agosto de 1957)

Positivamente, muitas atenções andam voltadas para o autor déstas linhas, em consequência dos rabiscos que vimos ultimamente publicando, acerca da necessidade de Marília eleger, no próximo pleito eleitoral, no mínimo um deputado estadual. Felicitações (verdadeiras ou não), recebemos constantemente. Pontos de vista contrários, tambem chegam ao nosso conhecimento, quando algumas pessoas nos procuram para insinuar que deveremos parar com o que escrevemos, alegando que o público hoje em dia já sabe o que fazer nas próximas eleições, não havendo, por isso, mesmo, necessidades de que os marilienses sejam cansados com nossas “multireprizadas crônicas”.

Outros, no entanto, estimulam-nos para que prossigamos na caminhada. São os que for(m)am na trincheira que empreendemos; são (o)s que estão saturados dos “pátria amada”, dos falsos amigos de Marília, aqueles que aquí só aportam em vésperas de eleições, para prometer empregos públicos e arrebanhar votos dos menos avisados.

Com ou sem estímulo, prosseguiremos. Com ou sem solicitações para que desistamos, continuaremos “a bater no mesmo prego”, cada vez com mais força.

Neste canto de página, nenhum “paraquedista”, nenhum candidato alienígena, encontrará guarida. Nenhum “doutor promessa” terá o apôio pessoal e público do autor désta coluna diária. Lutaremos por um mariliense. Se possível, um candidato único; senão, dois candidatos, no máximo. Mais do que esse número, mesmo local, terá nosso combate, não pelas não qualidades dos futuros e prováveis candidatos, mas sim, apenas, porque pretendemos ser objetivos e sensatos em nosso módo de pensar, entendendo que mais de dois candidatos da cidade à deputação estadual, diminuirão em muito as possibilidades de êxito.

Não estamos forçando, conforme já dissemos, ninguem a votar só em candidatos da terra. O dever cívico não se impõe. Estamos alertando a consciência daqueles que dizem amar Marília e seu povo. Precisamos fazer isso, porque grande parte do eleitorado mariliense errou no passado, por mais de uma vez. É tempo, pois, de corrigir-se êsse erro. Essa corrigenda só será possível, elegendo-se um representante legítimo de nossa cidade, que tenha obrigaçã(o) de trabalhar por Marília, como lídimo e intransigente advogado de nossas causas, nossas aspirações e nossos direitos, nem sempre reconhecidos e muitas vezes traduzidos em pedidos de favores!

“Estamos numa democracia e cada qual faz o que bem entende, no sentido de votar”. Isso nos disseram ontem.

E o que é que estamos fazendo nós? Em nosso entender, estamos nos servindo de um direito democrático. Estamos apontando falhas e indicando o momento para saná-las. Numa comparação grotesca, estamos fazendo o papel de um médico, que diagnostica a doença e prescréve a droga: o paciente toma o remédio se quizer; senão, azar dêle!

Conscienciosamente estamos cumprindo o nosso dever. E avisamos aos maldosos, que nenhum outro interesse temos. Não aspiramos empregos público(s), porque já ocupamos um ha cerca de catorze anos, com uma bôa remuneração, que nos proporciona o suficiente para ir criando a família. Não possuimos parentes para encaminhar às grossas têtas do tesouro público. E mesmo que os possuissemos, jamais o fariamos. Isto precisa ser dito, para que alguem não nos interprete mal.

Estamos aguardando o pronunciamento dos diretórios políticos locais. Temos muita “munição” para queimar. Combateremos em têrmos e democráticamente, a apresentação de mais de dois candidatos locais à Assembléia Legislativa. Não insistam para que mudemos de idéia, porque não adiantará.

Em tempo: O emprego público que acima nos referimos, foi conquistado mediante concurso; sem nenhum “pistolão”.

Extraído do Correio de Marília de 3 de agosto de 1957

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