...e os “cursinhos”? (24 de agosto de 1957)

Já podemos considerar matéria vencida a luta empreendida pelos marilienses, acerca da criação e instalação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em nossa cidade.

Depois da perseverança sem esmorecimento e da contenda titânica que empreenderam os mailienses, o desfecho ocorreu satisfatoriamente. Possuimos a nossa Faculdade que deverá funcionar já no ano vindouro, para gáudio de nossa mocidade estudantil de Marília e região e para satisfação e engrandecimento de nossos meios culturais. Nesse particular, tivemos até a felicidade de sermos brindados pelo Governador, com a designação de um esplêndido diretor, como é o dr. José Quirino Ribeiro.

Está faltando ainda uma coisa, que julgamos necessária e que, ao que pensamos, já deveria existir. São os chamados “cursinhos”, destinados a preparar os interessados de nossa cidade e de outros centros, especialmente desta vasta região da Alta Paulista, a fim de que êstes possam enfrentar os vestibulares para ingresso na mencionada Faculdade.

Pelo que percebemos, a questão, a êsse respeito, está um tanto “fria”. Não nos consta até agora que alguém já esteja cogitando ou pondo em prática a ministração dos ensinamentos próprios dos conhecidos e necessarios “cursinhos”. De certo modo, poderá parecer que ainda há tempo suficiente e que é um pouco cedo para tratar-se do assunto. Não somos especialistas na matéria, mas entendemos que as providências a respeito estão urgindo.

Anteriormente, tivemos a idéia de fazer tal lembrança. Como até agora não saibamos de nenhuma providência relativa à questão referida, voltamos a concitar quem de direito, para a instituição dos chamados “cursinhos”. Inúmeras pessoas nos solicitaram essa lembrança. São pessoas interessadas em cursar a Faculdade. E não só estudantes, como também professoras normalistas, já com alguns anos de magistério, estão vivamente interessadas em aumentar seus conhecimentos, aproveitando a “chance” óra apresentada, que, de qualquer modo, significa também um ato de prestigiar o funcionamento dêsse curso oficial de ensino superior.

É bom sinal êsse interêsse que desperta naquêles que pretendem continuar haurindo as luzes da ciência. É um motivo de satisfação para todos nós, especialmente para aquêles, que, despretenciosamente, formaram no grande batalhão que lutou pela criação da Faculdade.

Oxalá o interêsse continue a crescer cada vez mais, sem nenhum arrefecimento por parte da mocidade estudantil. Oxalá, também, o número de alunos de Marília e da região possa apresentar um índice satisfatório, de maneiras a dar-nos a certeza de que a luta poderá ser reavivada, sendo a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília, o ponto de partida para a criação de outras faculdades, que comporão, num futuro, não mui distante, a nossa própria Universidade.

Isso, são coisas do futuro, no entanto. Agora, o que está fazendo falta inegável, é o funcionamento dos “cursinhos”.

Extraído do Correio de Marília de 24 de agosto de 1957

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