Candidato de Marília (13 de agosto de 1957)

Se todos os pontos de vista que defendemos, fossem inequivocadamente corretos e irrefutáveis, seriamos um fenômeno. Isto pensamos, à respeito da campanha que vimos ha tempos empreendendo, com o fito exclusivo de lembrar aos marilienses, da necessidade indiscutivel que se nos apresenta como obrigatória, em elegermos, no próximo pleito eleitoral, no mínimo um candidato de Marília.

Já delineamos, repetidas vezes os motivos desse nosso interesse, que gira unicamente em torno daquilo que chamamos de amor à Marília. Temo-nos sentido à vontade para assim expressar nosso ponto de vista, porque nenhum compromisso temos com-quem-quer-que seja, politicamente falando. Não somos políticos e nem tivemos, jamais, tais pretensões. Não porque julguemos impropriedade ou qualquer outra coisa o ser político. Apenas, porque, não possuimos – confessamos –, aquilo que se chama “veia política.”

Assim é, que, os nossos rabiscos, têm encontrado dupla repercussão na cidade e nos meios políticos locais. Entendem alguns que estamos defendendo uma bandeira nóbre e digna, como nós próprios pensamos. Julgam outros, que estamos compulsando o eleitorado mariliense, à votar em candidatura local. Não estamos forçando ninguem; não temos essa faculdade e nem interesse nisso. Estamos apenas alertando a opinião pública, procurando despertar no eleitorado mariliense, a lembrança dos erros do passado e incutindo à todos, aquilo que não deveria ser segredo para ninguem: a nossa “orfandade política” no Palácio 9 de Julho, que nos colocam no pretérito, em situações de pedintes, quando tinhamos legítimos direitos.

Pensem o contrário os que as(s)im entenderam. A questão, aí, em nosso entender, é de patriotismo. Embora respeitando os direitos de todos os cidadãos que se candidarem, residente fóra de nossas fronteiras, não daremos aquí, nestas colunas, nenhuma guarida às suas pretensões. Não estamos siquer na metade do caminho. Temos muito ainda a palmilhar.

À respeito, queremos fazer um pequeno esclarecimento, em torno de um artigo assinado pelo sr. O. Ceschi, publicado domingo último na primeira página de nosso confrade “Jornal do Comércio”: Disse o ilustre jornalista, que, “certa imprensa” realiza uma campanha, como querendo levar tudo a “ponta de faca”, e obrigar o mariliense a votar exclusivamente em candidatos locais”. Ha dois erros nessa assertiva: primeiro (uma vez que a solução, embora indireta e dirigida ao autor déstas linhas), que não se trata de “certa imprensa” e sim de “certo colunista”, uma vez que já dissemos anteriormente que os conceitos a respeito, emitidos nésta coluna, são de responsabilidade de quem os assina; segundo, que o jornal não manifestou, em época alguma, seu ponto de vista à respeito.

Até agora, não conseguimos nos convencer que estamos sendo anti-democráticos e que estamos “forçando” os marilienses a votar em candidatos exclusivamente mariliense. Estamos lembrando éssa necessidade (que ninguem poderá negar) e continuaremos ainda no futuro. Já dissemos antes e voltamos a repetir: No caso, uma comparação grosseira, estamos fazendo o papél de um médico – diagnosticamos o mal e prescrevemos o remédio; se o “doente” não quizer tomar o medicamento, que “se dane”.

Extraído do Correio de Marília de 13 de agosto de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)