O candidato mariliense (5 de julho de 1957)

Temos sido abordados por pessoas de representação em nossa cidade, especialmente nos círculos políticos marilienses, acerca dos escritos de nossa lavra, com referência à necessidade de elegermos no mínimo um deputado estadual nas próximas eleições. Sinal de que a idéia está desta vez, encontrando melhor repercussão de que no passado.

Algumas pessoas insistem em que deveremos “matar a cobra e mostrar o pau”, isto é, apontar ao público, os nomes dos marilienses que maiores e melhores credenciais reunem para o cargo mencionado. Alegam que da citação de nomes, poderemos observar o efeito da aceitação pública, para melhor argumentarmos em apreciações futuras.

Mesmo que cedo não fôsse para tal, pensamos que não caberia a nós êsse direito. O problema é da alçada exclusiva dos partidos políticos e nós confiamos de que os dirigentes partidários em nossa cidade, ao par das normas traçadas pelas aludidas agremiações políticas, são, acima de tudo, bons marilienses. Nessas condições, baseando-se êsses mesmos dirigentes políticos, nas experiências e nas decepções do pretérito, é de esperar-se, para o futuro, a possibilidade de entendimentos que sem prejuizo das diretrizes partidárias das diversas correntes, possa surgir uma fórmula satisfatória e de cunho patriótico bem mariliense.

Nosso ponto de vista, continua sendo o mesmo: temos meios e elementos para “fazer” no mínimo um deputado estadual e outro federal. O número de eleitores inscritos no município, em relação ao coeficiente de participantes das eleições, é suficientemente bom para tal, desde que não se verifique a dispersão de votos que aconteceu no passado.

Por outro lado, entendemos como o ideal, as confabulações dos diretórios políticos locais, para estudar-se a possibilidade de duas candidaturas únicas – no âmbito estadual e federal. De todo, caso não seja viável tal acontecimento, nunca deveremos apresentar, para os citados postos eletivos, mais de dois candidatos, especialmente à deputação do Estado. Se isto acontecer, sentir-nos-emos na necessidade de reprovar o ato e combater a efetivação da medida, pelos inconvenientes que apresentará, com as probabilidades inequívocas da repetição dos fatos anteriores.

Não temos nós, um ponto de vista próprio ou uma preferência pessoal acerca do caso. Temos procurado analisar as possibilidades daquêles que maiores simpatias públicas reunem no momento, observando as suas probabilidades de ações nos parlamentos. Não temos predileção por “A” ou “B”. O que nos interessa que “A” ou “B” sejam de Marília e consigam ser eleitos, aos quais tenhamos o direito de exigir trabalhos em pról de nossa cidade e de seu povo, ao invés de continuarmos como até aqui tem acontecido, a solicitar favores a deputados de outras zonas.

É claro que procuramos apreciar, do ponto de vista de projeção e trabalhos, da influência e nome político, das maneiras e prestígio geral, aquêle ou aquêles que melhor possam enquadrar-se na questão. Isto, como fator importante, deve também ser objeto de apreciação por parte dos políticos locais. Os marilienses que ostentam possibilidades de condidatar-se, são conhecidos de todos nós. Ao lado disso, é interessante que êsse conhecimento e essa projeção tenham raios de ação além de nossas fronteiras, e, de preferência nas camadas políticas das Capitais.

Se não se verificar o desperdício de votos que anteriormente tem ocorrido, podem estar certos os marilienses que elegeremos nossos deputados. Temos para tal, “a faca e o queijo na mão”. Isso ninguém poderá negar.

Oportunamente, quando conhecermos oficialmente os nomes, aqui estaremos para apreciá-los publicamente, analisando suas qualidades, pró ou contra, sem que isso venha a significar que estejamos personificando o caso ou manifestando preferência própria. Procuraremos, com isso, interpretar a opinião pública e avaliar dos melhores efeitos dos diversos nomes que porventura sejam focalizados. Faremos isso sinceramente, como sempre temos feito. Sem intuitos de combates ou apoiar. Tentaremos apreciar as futuras ações nos parlamentos, daquêles que tiverem seus nomes indicados. Com o único objetivo de servir Marília e os marilienses, colaborando também com os próprios partidos políticos. Aí, então, “mataremos a cobra e mostraremos o pau”.

Extraído do Correio de Marília de 5 de julho de 1957

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