A política e a instalação da Faculdade (4 de junho de 1957)

Na manhã do último domingo, no Salão Nobre da Associação Comercial, um grupo de estudantes, representando os diversos estabelecimentos de ensino da cidade, realizou uma reunião onde foram discutidos assuntos relacionados à instalação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras recentemente criada em nossa cidade.

O número estudantil, pensamos, poderia ser maior do que aquele que se verificou, embora todas as escolas alí estivessem representadas, como acima ficou dito.

Foram pormenorizados aos presentes, os motivos de como se encontram as providencias a respeito, bem como estudados os próximos passos junto aos poderes públicos, no sentido da efetivação urgente da medida, de maneiras que o mencionado curso oficial de ensino superior óra criado em Marília, póssa funcionar, como é o desejo de todos, já no próximo ano.

Os dirigentes do citado movimento, cujas intenções merecem nosso irrestrito apoio, no entanto, preocuparam-se demasiadamente com uma outra questão: a política. De início, ao serem abertos os trabalhos do conclave, o Sr. Nelson Zambom, secretário da Mesa diretora da assembléia referida, fazendo rápida alocução, deixou claro o ponto de vista dominante dos convencionais, de que “de maneira alguma seria tolerada interferência ou injunção política na questão”.

Erraram, nesse ponto, os estudantes marilienses. Sem a política, não teria sido sancionado o diploma legal que institui a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em nossa cidade. Sem a política (é mistér que se reconheça), não consignará o município a verba de um milhão e duzentos mil cruzeiros, destinada a conclusão do prédio onde deverá funcionar a aludida escola. Sem a política, ainda, não poderá constar no orçamento estadual, para o próximo ano, a verba própria para a instalação e funcionamento da Faculdade de Filosofia.

Somos forçados a fazer um pequeno reparo néssa questão: A política, queiram ou não, não pode ser prescindida. Somente que existe dentro da real amplitude da palavra “política”, um pormenor que deve merecer as atenções dos estudantes. Eles precisam da política, porque sem ela não ultimarão a luta verdadeiramente sagrada em que óra se empenham, para o apressamento da instalação do curso referido. Os estudantes marilienses, o povo, enfim, carecem da política. Uma política de trabalhos, de realizações, de sinceridade de propósitos, de interesses pela questão. Uma política real, que póssa influir nas diversas bancadas partidárias com assento na Assembléia Estadual (principalmente), convencendo com clareza a urgência dos motivos em téla. Em resumo, uma política limpa, bem intencionada e bem praticada. Isso é inegável.

Temos a impressão, de que a preocupação a respeito que tanto apoquentou a classe estudantil, não será a política, na verdadeira acepção do têrmo, e, sim, a politicalha e a politicagem. Contra estes sistemas, nós tambem estamos com os estudantes marilienses.

Extraído do Correio de Marília de 4 de junho de 1957

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