Nóbre missão (27 de junho de 1957)

Procura nosso apreciado colaborador, reverendo Álvaro Simões, reavivar uma campanha que representa um objetivo de antigas lutas dêsse mesmo educador: o aprimoramento do nível geral do ensino secundário na cidade.

No passado, através de suas brilhantes crônicas diárias, o reverendo Simões, já manifestará seu pensamento, expondo com propriedade e conhecimento de causa, alguns dos muitos motivos que estão contribuindo para o baixo gráu de aproveitamento dos estudos secundários. E externava, na oportunidade, idéias de congraçamento entre as autoridades educacionais, no sentido de que fossem tomadas as providências mais viáveis e plausíveis, para atingir-se o objetivo colimado.

A missão é sobretudo nobre. Tanto assim, que a repercussão já principiou a manifestar-se, através de gente interessada, que está disposta a colaborar com a campanha óra preconizado pelo mencionado educador. Cogita o mesmo, estabelecer uma assembléia entre mestres, alunos e pais de alunos, dentro em breve, em cuja ocasião sejam ouvidos pareceres e pontos de vista acerca da questão.

Pelo contacto que tivemos com diversas pessoas ligadas diretamente ao assunto, pudemos perceber que o brado lançado pelo reverendo Simões, encontrou guarida e éco por parte de muita gente. Isto significa que é palpável o fundamento e as razões do movimento óra em curso.

Efetivamente, tal campanha é de toda necessária e patriótica. A luta pela educação e mobilissima; igualmente, a contenda pela melhoria e aprimoramento do ensino, mormente hoje, quando existem tantas desigualdades de métodos, tantas facilidades de métodos, tantas facilidades uma vezes, e, tantas oportunidades para a indesejável “cóla”.

Embora não sejamos autoridades no assunto, estamos convictos de que atualmente o nível do ensino secundário, regra geral, apresenta um rosário de deficiências discentes, caracterizadas na realidade, pelo baixo nível de conhecimentos apresentado por muitos concluentes de cursos secundários. Que existam, como é lógico, alunos de maior e menor facilidade de armazenamento de conhecimentos, é perfeitamente natural; mas que exista, via de regra, um pequeno número que se destaca, chegando a ser considerado como “fenômeno” ante os demais, é um êrro. Êsse pequeno número, a nosso ver, nada tem de extraordinário; apenas soube melhor aproveitar os ensinamentos ministrados, o que não chegou a acontecer com a maioria referida anteriormente, que muita gente considera como “normal”. Ninguém poderá contestar isso. A menos que estejamos equivocados, parece-nos que quinze em vinte anos passados, a pessoa que concluía o ginásio (coisa difícil na época), era considerada erroneamente como “bacharél”. Em realidade, êsses “bacharéis” apresentavam um índice muito mais acentuado de capacidade do que os concluentes do mesmo curso em nossos dias. Até os cursos de professor normalista ou contador (no passado, guarda-livros), quer nos parecer que eram mais aperfeiçoados, mais eficientes, embora de menor duração. Não temos meios técnicos, para confirmar ou comprovar tal assertiva; apenas destacamo-la como fruto de observação, devida ao contacto diário que mantemos com contadores, professores normalistas e finalistas de cursos ginasiais.

Por certo, o movimento óra encetado pelo reverendo Álvaro Simões, eterno preocupado com o problema do bom ensino, irá arregimentar maior número de legionários, e, poderá mesmo servir, conforme escreveu o reverendo ôntem, como o marco inicial de um movimento que poderá arraigar-se por todo o país.

O reverendo Simões está empunhando uma gloriosa bandeira, que deverá, sem dúvida, ser seguida por muitos marilienses. Oxalá isto venha a acontecer de fato, para a melhoria e o aprimoramento do nível geral do ensino secundário entre nós.

Extraído do Correio de Marília de 27 de junho de 1957

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