Três assuntos para crônica (14 de maio de 1957)

No último sábado, teve lugar no prédio novo do Marília Tenis Clube, à Avenida Rio Branco, o anunciado desfile de modelos femininos, com a participação de oito manequins vivos, vindos da paulicéia. Essas moças, modelos profissionais, estiveram recentemente se exibindo no Uruguai, onde arrancaram aplausos sem conta da sociedade uruguaia.

A vinda das mesmas à nossa cidade, foi patrocinada pela firma “Tecidos Carone”, que emprestou sua colaboração ao espetáculo, que teve fundo beneficente, uma vez que a renda líquida apurada foi destinada aos cofres da Associação Filantrópica de Marília.

Não temos muita autoridade para abordar o assunto, uma vez que não temos nenhuma pretensão “a là” Sued ou Thormes; no entanto, entendemos que a exibição foi magnífica, os modelos apresentados muito bem confeccionados e as mocas souberam desfilar com arte e graça.

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Domingo, das 11 às 12 horas, no palco-auditório da Rádio Dirceu, teve lugar a homenagem às mães, que foi tributada pelas firmas “Loja Frigidaire”, “A Nova América” e a citada difusora. Ao par do programa para tal elaborado, foi profundamente tocante e comovente, o espetáculo da entrega dos prêmios às vencedoras do certame, especialmente o momento em que o titular da “A Nova América”, sr. Higygino Muzzi Filho concedeu o cheque de cinco mil cruzeiros à d. Ana Maria Silveira, com 102 anos, 12 filhos, 46 netos 131 bisnetos e 41 tataranetos.

A emoção da macróbia foi tamanha, que contagiou a todos quanto assistiram o espetáculo, tendo muita gente chorado comovida.

Foi sem dúvida um espetáculo profundamente tocante e profundamente humano.

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Falou ao povo mariliense o sr. Carlos Lacerda, o mais discutido homem do Brasil no presente momento. O irrequieto parlamentar udenista, que veio prestigiar a Concentração Regional da União Democrática Nacional, realizou um comício público, quando falaram diversos oradores.

Temos a impressão de que a alocução do sr. Carlos Lacerda não foi aquilo que muita gente esperava: uma verberação intempestiva aos poderes governamentais e em especial ao vice-presidente Jango Goulart.

O deputado Lacerda procurou trazer a público uma sintetização de suas atividades parlamentares como elemento político da oposição, justificando os motivos pelos quais pesam-lhe sôbre os ombros oito processos. Colocou-se na condição de réu, tendo classificado o próprio povo como os juizes para julgá-lo, no momento em que esplanava os motivos daquilo que chamou sua própria defesa.

Abordou o líder da U. D. N. na Câmara Federal, os casos da chamada “carta Brandi” e dos telegramas 293 e 295.

Muita gente gostou da palavra do sr. Carlos Lacerda. Outros, que esperavam violências verbais contra os poderes constituidos, por certo, ficaram decepcionados.

Extraído do Correio de Marília de 14 de maio de 1957

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