Candidato de Marília (23 de maio de 1957)

De uma pessoa que se assinou Maria Martha, recebemos ha dias uma atenciosa missiva, congratulando-se conosco pelos modestos artigos diários que aqui publicamos, e, no mesmo tempo, inquerindo-nos das razões “por que a campanha pró candidato de Marília foi interrompida”.

Preliminarmente, nossos agradecimentos aos conceitos emitidos acerca de nossos despretensiosos escritos, uma vez que a correspondente foi excessivamente gentil em elogios; quanto a campanha referida, foi a mesma lançada prematuramente, por necessidade imperiosa aos próprios interesses do povo mariliense. Concordamos em parte com os dizeres da missivista, em que nem todos darão a devida atenção ou analisarão com verdadeiro amor por Marília, os motivos preconizados por nós, da necessidade imperiosa que temos em “fazer” um ou dois (no mínimo) deputados, nas próximas eleições. Sabemos disso, por experiência própria, uma vez que não é esta a primeira vez que participamos desse jogo, perdendo sempre. Em todo o caso, o que prevalece aí, são as boas intenções e o desejo de servir Marília, lembrando sempre aqueles que os entusiasmam por candidatos de fóra, cometendo injustiças com os locais e para com nós próprios. E continuaremos sempre a “bater na cangalha”, como diria o bom e desconfiado mineiro.

O que é certo e incontestável, é que Marília possue homens capazes de representa-lá em qualquer parlamento, com sinceridade e amôr, sem outros compromissos que não os de advogar os interesses da cidade e seu grande povo. Até aquí, embora tenhamos contando com atenções esporádicas de um ou outro político com assento na Assembléia ou na Câmara Alta, o que é certo, ficamos devendo favores, e, de certo modo, comprometidos para as eleições futuras, em relação àqueles que algum obséquio nos tenham dispensado.

Se tivessemos o nosso ou os nossos representantes próprios, tal não aconteceria; teríamos o direito de exigir trabalhos, sem dever favores e por outro lado, os nossos advogados nesse sentido, teriam a obrigação precípua de servir Marília, em pagamento da confiança que antecipadamente lhe depositamos.

Uma outra pergunta intercala a carta referida, assinada por Maria Martha: quer ela saber, quais os nomes que o autor déstas linhas indicaria para o cargo de deputado estadual por Marília. Respondemos a nossa gentil missivista, que não temos preferencia e nem pretendemos personalizar a questão. Nossos intuitos, são os da maioria dos marilienses: ter no parlamento, um ou mais legítimos representantes de nossa cidade. Temos vários nomes capazes déssa incumbência, como todos sabemos. Temos mesmo, elementos de maior projeção e de maior capacidade e mais bem intencionados do que os atuais deputados em exercício. Nossa preocupação, a esse respeito, já foi externada em outras ocasiões e vamos repeti-la: tentaremos lutar e chamar as atenções das correntes políticas locais, para que se faça um verdadeiro “acordo pró interesses de Marília”, no sentido de que não apresentemos mais do que dois ou três candidatos ao pleito futuro, a fim da que as possibilidades de centralização de votos seja maior e possamos, de fato, eleger um lídimo representante mariliense no mínimo.

Isso faremos em ocasião oportuna.

Extraído do Correio de Marília de 23 de maio de 1957

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