Confisco Cambial (30 de abril de 1957)

Continua em vigência em nossa cidade, o movimento organizado pela defesa do café, contra o confisco cambial.

Na noite de domingo último, reuniram-se várias pessoas interessadas nessa contenda, na Associação Rural de Marília, ocasião em que foi organizada a Comissão Executiva e de Coordenação Contra o Confisco, com a participação e apôio de aludida entidade.

Vários planos de trabalhos foram esboçados, visando bem esclarecer o público em geral, bem como fazer sentir aos srs. Ministro da Fazenda e Presidente da República, a urgência e a necessidade que a derrubada dêsse confisco representam, para a própria economia nacional, de vez que na exportação do café reside a principal fonte de riqueza do país.

Segundo nos esclareceu pessoa conhecedora do assunto, o atual sistema de confisco cambial representa mesmo, uma questão que está de ha muito, a merecer as atenções daqueles que têm sobre os ombros, a responsabilidade dos destinos do Brasil. O café brasileiro, de acôrdo com tal sistema, está sendo vendido no principal mercado cafeeiro do mundo – Estados Unidos –, por um preço elevadíssimo, em relação aos produtos procedentes de outros paises, fazendo, logicamente, com que percamos, cada vez mais, aquela primazia que até ha alguns anos atrás desfrutavamos, de sermos o “primus inter pares”. Dêsse modo, outros paises vendem aos Estados Unidos, café bem mais barato, embora de qualidade interior que o brasileiro.

Porder-se-ia pensar que o preço aí, imporia obrigatoriamente o respeito e o prestigio pela qualidade do produto. No comércio internacional, o que manda é o preço e a concorrência; os paises que importam o produto, tanto consomem o café especial do Brasil, como podem consumir o produto de classe baixíssima, como é o café africano. Em consequência, a acentuação no mercado internacional do café brasileiro, decresce ao invés de aumentar.

Existe ainda outro particular sobre a questão, que é um dos pontos básicos dessa luta: É o caso das divisas decorrentes da diferença da transação, entre o preço aquisitivo no país e o preço de venda no mercado exterior. Essas cifras, não constam do orçamento da nação, não sabendo-se ao certo por que meios tais divisas são empregadas.

A luta em tela está, sem dúvida, movimentando a opinião pública e as classes interessadas estão empenhadas nessa batalha, de corpo e alma.

A Comissão local está programando para breve, enumeras providencias elucidadoras a respeito desse movimento da defesa do café contra o confisco cambial.

Extraído do Correio de Marília de 30 de abril de 1957

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