Cédulas Adulteradas (2 de abril de 1957)

Muita gente têm procurado abrir bem os olhos, ultimamente, na questão de dinheiro, principalmente depois da publicação feita por diversos órgãos de imprensa, inclusive o “Correio”, acerca da descoberta de cédulas de mil cruzeiros, falsificadas, que estariam circulando por aí.

Realmente, o comunicado da autoridade competente, dando a notícia, procurou alertar o público em geral, citando as séries de cujos números foram apreendidas algumas cédulas falsas. Muita gente interpretou mal o aviso, entendendo que todas as notas (das) séries mencionadas (262-A e 376-A) seriam falsificadas. Não é bem isso; existem notas falsas dessas séries, apenas.

Como falsificação de dinheiro no Brasil não ocorreu pela primeira vez e por certo não será tambem a última, estuda agora a Casa da Moeda, medidas acauteladoras, que vizem resguardar com mais segurança, as possibilidades de adulterações de nosso dinheiro circulante, Medida oportuna, que já vêm até um pouco tarde.

Dinheiro falsificado, no amplo têrmo, poucas vezes temos presenciado; o mais comum tem sido o dinheiro adulterado, muitas vezes grosseiramente, causando para alguns, surpresa o seu recebimento. Tem sido comum, cédulas de 10 cruzeiros circularem adulteradas para 500 e de 2 cruzeiros adulteradas para 1.000.

Acontece que aqueles que lidam com dinheiro constantemente, podem cometer o descuido com facilidade; acontece ainda, que os outros, principalmente os simples e bem interncionados, têm menores possibilidades para perceber o crime, sendo vítimas das malandragens déssa espécie.

Segundo noticia a imprensa carioca, cogita agora a Casa da Moeda de imitar certos paises, que apresentam seu dinheiro com cores distintas e diferentes para cada cédula e importância. A medida, sem dúvida, é objetiva e virá em muito dificultar o processo dessas adulterações grosseiras que nos referimos. Isto porque, depois que tais cédulas estiverem circulando em definitivo, substituindo o atual tipo de dinheiro, o povo irá por sí só, habituando-se ao padrão das cores, sendo mais dificil o engano, o que não sucede agora, em virtude da semelhança existente entre diversos padrões do dinheiro atual.

Será pois mais dificil éssas adulterações referidas, constantemente exibidas em vitrines para alertar ao público, quando tivermos, por exemplo, todas as notas de 1.000 cruzeiros de vermelha, todas as de 500 de cor verde, as de 200 amarela, as de 100 azuis, as de 50 marrons, etc.

Que seja feita, portanto, éssa medida; mas com a substituição gradativa do dinheiro circulante e não com novas emissões.

Extraído do Correio de Marília de 2 de abril de 1957

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