Campanha dos cafés finos (17 de abril de 1957)

Levanta-se no momento uma louvavel bandeira nacional(:) a campanha dos cafés finos, preconizada pelo Instituto Brasileiro do Café, já conseguindo grande repercussão entre o povo.

Efetivamente, trata-se de uma iniciativa necessária, que foi lançada até com grande atrazo entre nós. Indiscutivelmente, o café brasileiro representa ainda o celeiro primordial de nossas divisas econômicas, em que pese, é calro (claro), não ser o Brasil o único exportador da rubiácea, embora continue sendo “primus inter pares” a respeito.

O problema do aprimoramento do café brasileiro, torna-se algo do mais do que u’a necessidade; seu alcance é mesmo uma ipmosição (imposição) daquilo que poderíamos chamar de “dignidade de produção”, principalmente hoje em dia, quando nosso país deixou de ser aquela cômoda nação cafeeira, tendo que “mexer-se”, frente aos diversos concorrentes de nossos dias.

Se tudo progrediu, lógico é que êsse aprimoramento de produção, teria um dia de fazer-se presente também. Principalmente, quando certas políticas comerciais interessadas, começaram a mostrar “os podres”, denunciando publicamente o selecionamento de nosso café. A respeito, lemos não ha muito, um verdadeiro “libelo” contra as impurezas do café exportado, com dados estatísticos de centenas de “sujeiras” de peso, em cada tonelada de nosso café vendido no mercado exterior.

Hoje o Brasil não é o único país privilegiado, com exportador de café. Embora seja inegável que a primazia da qualidade e do sabor do produto pertencem aos brasileiros, o certo é que atualmente já temos adversários a temer, com probabilidades de ganharem estes mais terrenos, caso continuemos a descuidar-nos dessa imperiosa necessidade de aprimoramento de nossa principal riqueza exportadora.

Uma coisa, no entanto deve ser observada pelos timoneiros dêsse elogiável movimento: é a questão dos processos e meios pelos quais está sendo desenvolvida a campanha. A publicidade e os esclarecimentos que a respeito estão sendo processados, está atingindo as camadas citadinas, com pouca ou nenhuma penetração onde deveria ocorrer: na própria lavoura. Urge então, se não u’a mudança no sistema atualmente em vigência, pelo menos maior objetividade vizando atingir aquele que realmente planta e colhe o café. Sem isso, pensamos, talvez os organizadores dessa louvável campanha, não consigam de modo total os objetivos completos.

A respeito dessa necessidade, algo está a chamar real e urgente efetividade, dentro do setor de educar-se o lavrador, principalmente o pequeno, de maneira positiva, mormente aquele, que, por uma série de motivos, não está acompanhando “pari passu” o andamento dessa campanha.

A iniciativa merece nossos aplausos e nosso apôio; apenas com éssa resssalva.

Extraído do Correio de Marília de 17 de abril de 1957

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