Prédios desalugados (28 de março de 1957)

Conhecemos um cidadão de fóra que costuma vir periodicamente à Marília. O homem têm negócios particulares por estes lados e acabou tornando-se um autêntico apaixonado de nossa cidade. Conversando conosco outro dia, declarou-nos seu encantamento pela Av. Sampaio Vidal. Ampla, bonita, com duas mãos de trânsito, bem movimentada, a avenida do fundador tornou-se para esse cidadão, um local agradável. E o homem confessou-nos ainda, que sente um prazer indiscritivel, em dirigir seu carro particular pela citada artéria, seguidamente, de um a outro extremo.

Em realidade, a Av. Sampaio Vidal representa mesmo o cartão de visita de nossa urbe. Não ha forasteiro que não tenha exclamações de admiração e encômios para o explendor de nossa principal artéria. E, realmente, essa admiração é perfeitamente justificável. Poucos são os centros interioranos que ostentam uma via pública tão bela e tão bem traçada como a Av. Sampaio Vidal, apresentando um movimento incomum e ondulante.

Uma coisa, no entanto, presentemente, está a enfeiar a Av. Sampaio Vidal: é o número grandioso de prédios fechados, aparentemente desalugados, na mencionada via. U’a meia dúzia, sem exagero!

Causa má impressão, indiscutivelmente. Ao par de estabelecimentos movimentados e bem instalados, inúmeros locais com portas fechadas, dando a idéia de uma cidade que marcha para o abandono progressista. Quais serão os motivos? Preços exorbitantes dos al(u)guéis? Desinteresse dos locatários em refazer habitar tais prédios? Falta de providências de quem de direito, solicitando os senhorios a locarem os mesmos?

O fato é que Marília, em determinados trechos de sua principal avenida, lembra as cidades européias por onde passou a guerra, no período de após beligerância, quando o povo principia a retornar e começa a dar vida, aos poucos, a citadas cidades.

Durante a noite, ainda não se nota tanto; mas durante o dia, inúmeros prédios centrais fechados, significa alguma coisa de exquisito.

Ainda, para completar mais êsse acontecimento de ar um tanto tétrico, o edifício da Raia, parece que só ficará pronto lá para o ano de 2.000 quando está previsto o fim do mundo.

Urge uma providência a respeito. Se o caso depende da autoridade municipal, é de esperar-se a intercessão déssa mesma autoridade, junto aos proprietários dos aludidos imóveis, especialmente se as causas são originárias de elevados preços de alugueis. Se não, necessário se torna fazer daquí um apelo aos donos dos mesmos, no sentido de que procurem emprestar sua colaboração á cidade, impedindo a continuidade dessa anomalia. Vejam os leitores de que não são um ou dois prédios, apenas que estão fechados em pleno centro, oferecendo esse desagradável espetáculo. São muitos, bem localizados.

Extraído do Correio de Marília de 28 de março de 1957

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