Os “Gostosões” do Mercado (1º de março de 1953)


Escreveu: José Arnaldo

É sabido que o nosso Mercado Municipal apresenta uma serie de problemas que estão a merecer as atenções de nossas autoridades. Por exemplo, o seu espaço, que era suficientemente grande há anos atrás, apresenta-se agora acanhado, deficiente para as exigencias e necessidades de nossa “urbs”; a precariedade de suas instalações sanitarias, por outro lado, estão a exigir providencias completas; quanto a reparos e pinturas, então nem se fala; os preços das frutas e verduras subiram como foguetes, desafiando a fiscalização e as providencias de controle de abastecimento.

Como se isso já não bastasse, surgiu agora, mais acentuadamente nos ultimos tempos, uma verdadeira “praga” de desassossego para as senhoras e senhoritas que convergem àquele local, para fazer as compras que necessitam. São os desocupados e destituidos de educação, metidos a “gostosoes”, que ali ficam plantados, especialmente nos domingos de manhã quando é mais intenso o movimento, aos grupos, distribuindo gracejos e dizendo piadinhas e “belezuras” às mulheres, indistintamente. E, segundo pudemos observar, não escolhem ou titubeiam a quem dirigir suas piadas, quer seja uma senhora respeitavel, uma senhorita ou uma simples criada, como se aqueles que se dirigem àquela tenda, tenham obrigação de ouvir gracejos, muitas vezes picantes e insinuosos, algumas vezes mesclados de obscenidade.

Por certo, o sr. Delegado de Policia não teve conhecimento, ainda, de tais fatos, e, temos a certeza, ao sabê-lo, porá um termino a esse estado de coisas, incompativel com a cultura e a descencia de nossa cidade.

Sabemos, tambemm, que nem todos que ali permanecem por tempo indefinido, usam esse expediente; afinal, o Mercado é publico e ninguem poderia impedir a quem-quer-que-seja fosse, de ali ir. Mas, dirigir-se àquele local para faltar com o respeito às senhoras e senhoritas, como já varias vezes presenciamos, é que não pode ser. Certamente o leitor faz uma ideia do que seja uma esposa ou filha sofrer o vexame de ouvir maledicenciass de desvergonhados e desocupados. E, sem trabalho, deduz tambem o que aconteceria, se, no momento, estivesse perto um pai ou um marido de uma senhorita ou senhora ofendida...

Extraído do Correio de Marília de 1º de março de 1953

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