O “Rock and Roll” (14 de março de 1957)

Fomos um dos primeiros se não o primeiro em Marilia, a emitir conceitos acerca da dança maluca denominada “Rock and Roll”, a “coqueluche” dos Estados Unidos, que ameaça dominar todo o mundo. Fizemos nossas considerações, conforme explicamos, com fundamento em determinações judiciais, divulgadas pela imprensa paulistana e carioca.

A música e dança aludidas, estão proibidas em diversos pontos do país, condenados por autoridades competentes, que têm a preocupação e a missão de salvaguardar a moral e a dignidade da mocidade e a da família brasileiras.

Em Marília, está sendo exibido o filme “Ao Balanço das Horas”, que é a demonstração inequívoca da mencionada dança, idealizada por um motorista de caminhão, que tem a “tara” bastante masculinisada” de colecionar bonecas! Trata-se de Elvis Presley, rapaz que vimos não há muito, num filme chamado “natural”, apresentando um “show” público em Nova Iorque. No palco, Elvis é um verdadeiro caso de polícia, pelos gestos que executa, atentando flagrantemente à moral e aos bons costumes.

Como dizíamos, fomos ver “Ao Balanço das Horas”. Os “Comets”, principal atração da película, representam sem dúvida um bom conjunto musical. O estilo nada tem de extraordinário; pelo contrário, muito tem de condenável, pòis o tal “Rock and Roll”, em nosso ver, nada mais é do que a música do “jazz” completamente deturpada. Não existe justificativa, pensamos, para o exagero de movimentos no dançar tal música. O que existe aí, é a influencia tipicamente sensual de Elvis Presley, um rapaz pouco rapaz, segundo se percebe pelas suas ações.

A dança é completamente doida, boliçosa, insinuante, imoral. Temos as nossas dúvidas de que se qualquer moça que se prese, irá submeter-se em público, a dançar tal processo. Pelo menos, não compreendemos que um pai ou u’a mãe de família, de princípios cristãos, póssa permitir que sua filha exiba, publicamente, as formas do corpo e fique de pernas para o ar, num salão de baile!

O ritmo, especialmente para os que apreciam o “jazz”, é gostoso, embora, repetimos, seja um disvirtuamento do próprio “jazz”. Mas, em situação alguma, justifica o estilo da dança òra conhecida como “Rock and Roll”. O nosso frevo, produto brasileiro, não perde em nada, em rítmo alegre e veloz, para tal modalidade de música; no entanto, o estilo de dançar-se o frevo é bonito e mexe, aigualmente, com o espírito musical de qualquer um, sem, entretanto, descambar para a imoralidade.

O filme referido mostrou isso. Aqueles que viram, não ha muito, no próprio Cine São Luiz, a película “natural” que acima citamos, tambem sabem disso.

Estas são as nossas impressões, acerca do “Rock and Roll” e do filme “Ao Balanço das Horas”, atendendo solicitações de alguns de nossos leitores.

Extraído do Correio de Marília de 14 de março de 1957

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