O prédio para a Faculdade (20 de março de 1957)

Muitas batalhas empreendeu Marília, para conseguir a criação oficial de sua pretendida Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

Os estudantes, as entidades de classe e representativas da cidade, a imprensa falada e escrita, enfim, todos os que dispuseram de um meio qualquer para fazer prevalecer o imperativo do direito de Marília, dêle souberam fazer uso com galhardia e perseverança, levando até as mais altas esferas governamentais, o clamor da mocidade estudantil, não só de nossa cidade, como de tôda a nossa vastíssima região da Alta Paulista.

E a Faculdade foi criada.

O general Porfírio da Paz, no exercício do cargo de Governador do Estado, prometeu ao povo mariliense, através da Rádio Clube de Marília, que a Faculdade de Filosofia em nossa cidade seria criada. E foi mesmo. Não pelo general trabalhista, mas pelo atual governador, sr. Jânio Quadros. Apesar da obstrução sistemática de inúmeros deputados paulistas, inclusive um que se diz amigo de Marília, que aqui tem muitos eleitores e que pretendeu a sua transferência para a vizinha cidade de Tupã.

No decreto de criação da mencionada Faculdade, existe um dispositivo em que condiciona a instalação da mesma, no prédio atualmente em construção, do Educandário “Dr. Bezerra de Menezes”.

A respeito, cumpre-nos dizer, que merece os maiores encômios, a atitude da diretoria do aludido Educandário, que, mostrando a melhor boa vontade para colaborar com o ensino de nossa cidade e com a criação dessa escola oficial de nível superior, ofereceu o aludido prédio.

Uma coisa, no entanto, é certa: Se o município ultimar o prédio em construção, para a instalação do curso, dêle fazendo uso durante 10 anos, conforme estabelecem as condições existentes, o problema apresentará duas despesas ao invés de uma. Isto, porque, o município terá que concluir agora a obra referida. No final do tempo estabelecido, deverá forçosamente, entregar o prédio em condições de uso e deparará novamente outro problema, que é exatamente o que vemos agora à nossa frente: a localização e uso de um novo prédio.

Óra, se agora já temos um problema dêsse jaez, porque não solucioná-lo de maneiras a termos um prédio definitivo para Marília e para a sua Faculdade?

Por que, então, haveremos, reconhecidamente, de enfrentar dois problemas distintos (e dispendiosos), quando poderemos solucionar, com dificuldades, apenas um?

Se tal acontecer, daqui a dez anos, além da entrega do prédio completamente reformado, necessitaremos dispender importância fabulosa para conseguir outro local.

Por que, então, haveremos de dispender dinheiro para a conclusão de um prédio, que, depois de 10 anos de uso terá de ser devolvido inteiramente reformado, quando, com mais um pouco poderemos fazer uma só e permanente despesa e possuir um prédio definitivo?

Entendemos que urge a necessidade de quem de direito, no sentido de estudar o fato, providenciando junto à Assembléia Legislativa, a revogação do dispositivo aludido, para que o município faça uma só despesa, invés de duas.

O assunto, segundo nos consta, está parado. E é de lamentar-se. O resultado de muitos anos de lutas, assim na “folga”. A Prefeitura, a Câmara e demais interessados, devem interessar-se mais rapidamente pelo cometimento, resolvendo com mais pressa e efetividade a questão. Isto é, acertando em definitivo a instalação da Faculdade no Educandário citado, ou, então, seguindo outro caminho, a nosso ver, mais acertado.

Nosso ponto de vista, que é um modo de pensar do redator destas linhas, é contrário à utilização do Educandário “Dr. Bezerra de Menezes”, para que o funcionamento da Faculdade de Filosofia. A menos, frisamos, que as obras em construção sejam adquiridas em caratar definitivo, para o fim específico dessa utilização.

Pensamos, ainda, que a diretoria do Educandário deve receber um “oito ou oitenta”.

Extraído do Correio de Marília de 20 de março de 1957

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