Festividades de 4 de abril (29 de março de 1957)

Somos daquêles que entendem que a municipalidade não deve mesmo dispender fabulosas quantias de seus cofres, para fins de festividades supérfluas. No entanto, pensamos que o Dia do Município de Marília, o próximo 4 de abril, deverá ser comemorado condignamente pelos marilienses, como a data magna de nossa emancipação municipal. E, nesse particular, são necessárias algumas despesas inadiáveis e indispensáveis.

Não pode e não deve passar de todo despercebido ao espírito do mariliense, o ensejo do transcurso dessa data. Sabemos todos que a municipalidade não poderá patrocinar festividades faustosas e extraordinárias, excessivamente dispendiosas. Pessoalmente, nós próprios somos apologistas de coisas simples; acontece, no caso, que o fato exige uma exceção, pela importância que encerra. Festividades simples, são uma coisa: festividades além de simples, são “outros quinhentos”.

Pensamos que a passagem do Dia de Marília não deve restringir-se apenas a um desfile cívico e a uma sessão solene na Câmara Municipal. Entendemos que outros fatos deverão ser introduzidos na programação que deve ser elaborada a respeito.

Com referência à questão, temos a impressão de que a comissão especial, designada pela Câmara Municipal, anda um tanto morosa em seus trabalhos. Ao que parece mesmo, talvez o programa não tinha sido concluido em definitivo. Pelo menos, a esta data, cinco dias precedentes ao 4 de abril, acreditamos que o programa dos acontecimentos já deveria ter sido dado à publicidade.

A propósito, o “Diário de São Paulo” de anteontem noticia a passagem do 31º aniversário do município de Cafelândia. Um bonito programa, se encararmos a questão pelo lado economia. A municipalidade referida quase nada dispenderá de seus cofres; no entanto, a comemoração terá a duração de mais de uma semana, da qual constam diversas competições esportivas, diurnas e noturnas, tais como bola ao cesto, beisebol, natação, demonstração de judô, futebol, pedestrianismo, ciclismo, etc.. Da mesma incluem-se sessões solenes na Câmara Municipal, reuniões e palestras em clubes, exibições de películas especiais, cedidas pelo D. E. E. S. P., etc..

Quer dizer, os cafelandenses comemorarão a passagem da data magna daquêle município, condignamente, sem dispêndio inútil e fabuloso dos cofres públicos.

Aqui, pelo visto, tal não acontecerá. O comércio e a indústria locais, na realidade, andam assoberbadas com incontáveis dificuldades na presente época, impedidas de colaborar com direta e efetivamente com a comissão. No entanto, é preciso que se diga, que êsse comércio e essa indústria, em regular parte, já deram sua colaboração a jornais de fora, que aqui aportaram para fazer reportagens acerca do acontecimento, em detrimento, também, da imprensa mariliense.

Nosso comentário nada visa contra a comissão. Apenas demonstra estranheza pela morosidade de seus trabalhos, principalmente tendo em vista a urgência do tempo (curtíssimo diga-se de passagem), em relação a aproximação do Dia de Marília.

Extraído do Correio de Marília de 29 de março de 1957

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